Em entrevista ao Minuto a Minuto Amazonas, o artista relembra sua trajetória, fala sobre poesia e revela planos para levar a sonoridade da floresta ao mercado internacional
No Dia Internacional da Música, a Jovem Pan News Manaus recebeu nesta quarta-feira (1º) um dos maiores nomes da cultura amazônica: o poeta, cantor e compositor Celdo Braga. Nascido em Benjamin Constant e radicado em Manaus há mais de 30 anos, Celdo celebrou no estúdio do Minuto a Minuto Amazonas, apresentado por Caubi Cerquinho, seus 43 anos de trajetória artística, marcada pela poesia cabocla, pela música orgânica e pelo compromisso com a preservação ambiental.
“Eu sou, acho que na Amazônia, o primeiro autor de uma missa voltada para a questão ambiental, que é a Missa Amazônica. Sou pedra fundamental do Santuário que está sendo construído agora em homenagem a Nossa Senhora da Amazônia. É um apelo fortíssimo para a causa ambiental, já iniciado fora daqui, inclusive em outros estados”, destacou o artista.
Uma vida dedicada à música cabocla
Fundador do lendário Raízes Caboclas, grupo que se tornou referência da música amazônica, Celdo lembrou que a motivação inicial foi traduzir em melodia a vida do caboclo, do ribeirinho e da floresta.
“Foram 25 anos com o Raízes Caboclas, um grupo que se criou de uma forma muito especial, traduzindo os valores da floresta e da nossa vida no Ponte Indiano. Depois, fundei o Imbaúba, focando a questão ambiental, mas mantendo o mesmo arcabouço do Raízes. E, há quase 10 anos, surge o Gaponga, que hoje projeta também a sonoridade dos meus instrumentos”, contou.
Poesia como fio condutor
Além de compositor e intérprete, Celdo também é poeta. Autor de livros como Cordel Verde e O Eco das Águas, ele destacou como a literatura influencia sua música.
“Eu sou poeta de nascença. Desde os 11 anos já venho compondo. O curso de Letras me incentivou muito. O fato de lidar diariamente com a língua portuguesa abre um portal maravilhoso para a criatividade. Quem tem esse talento natural aproveita, compõe, produz e acontece”, afirmou.
Bioinstrumentos: a voz da floresta
Nos últimos anos, o artista tem inovado com a criação de bioinstrumentos produzidos a partir de sementes, cuias, ouriços e outros elementos da natureza. Hoje, já são cerca de 60 instrumentos desenvolvidos, incorporando a sonoridade da floresta às suas apresentações.
“O som que esses instrumentos produzem traz um apelo muito forte, uma textura única. É como se a floresta fosse coautora das nossas canções”, explicou.
Novos projetos e mercado internacional
Essa proposta de dar voz à floresta também abriu caminho para novos negócios. Recentemente, Celdo foi convidado por uma universidade em São Paulo para ministrar um curso sobre sonoridade amazônica com os instrumentos criados por ele. Durante a entrevista, revelou que planeja comercializar os bioinstrumentos em nível nacional e, em breve, em parceria com gravadoras brasileiras.
A expectativa, segundo o artista, é que a sonoridade da Amazônia seja reproduzida em outros países, levando a originalidade e a força da floresta para o cenário musical internacional.
Arte, educação e consciência ambiental
Além da música, Celdo Braga já atuou como professor e secretário de Educação e Cultura, sempre unindo arte e formação cidadã. Atualmente, seus projetos, como o Gaponga, mantêm forte viés educativo, utilizando a música como ferramenta de conscientização ambiental. Com três CDs lançados e novos planos à vista, o artista segue inspirado pelo Alto Solimões e pela cultura cabocla, reafirmando sua posição como voz e alma da Amazônia.
Acompanhe a Entrevista completa: https://www.youtube.com/watch?v=UFoABc9-YLc&t=3052s
Por João Paulo Oliveira, da Redação da Jovem Pan News Manaus