Manaus se destaca como a cidade com menores indicadores de racismo entre dez capitais brasileiras, segundo a pesquisa “Viver nas Cidades: Relações Raciais”, divulgada nesta quinta-feira (20/11). O levantamento avaliou atitudes de discriminação racial em shoppings, locais de trabalho, ruas e parques, mostrando que, apesar de a capital amazonense registrar menor incidência de menções à discriminação (50%), o racismo ainda é percebido pela população.
O estudo, realizado pelo Instituto Cidades Sustentáveis, em parceria com a Ipsos-Ipec, entrevistou 3.500 pessoas via painel online em Belém, Belo Horizonte, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo, entre 1 e 20 de julho de 2025. O objetivo foi mapear a percepção da população sobre discriminação racial e as medidas para combatê-la.
Segundo a pesquisa, os locais em que o racismo é mais evidente incluem estabelecimentos comerciais como shoppings, lojas, restaurantes, cinemas e farmácias (57%), seguidos pelo trabalho (44%) e ruas e espaços públicos de convivência como parques e praças (31%). Em Manaus, a percepção de discriminação nesses ambientes foi a mais baixa entre as capitais analisadas.
Para Igor Pantoja, coordenador de relações institucionais do Instituto, os dados evidenciam que a discriminação ocorre principalmente em espaços privados de acesso público, onde funcionários se sentem protegidos para agir de forma preconceituosa.
“São locais de encontro das diferenças sociais, e os dados mostram que casos de discriminação, até violentos, não são isolados. É preciso compromisso das empresas e do sistema educacional para superar essa cultura histórica,” afirma Pantoja.
O levantamento também mostra que 10% da população acredita não haver diferença no tratamento entre negros e brancos, enquanto 12% não souberam responder. Além dos espaços comerciais, escolas e universidades (29%), transporte público (16%) e hospitais e postos de saúde (15%) também aparecem como locais de percepção do racismo.
Medidas de combate:
Entre as ações apontadas pelos entrevistados para reduzir a discriminação, destacam-se punição aos atos racistas (42%) e educação antirracista nas escolas (34%). Em Manaus, a pesquisa reforça a importância de engajamento do setor privado: apenas 15% consideram o posicionamento de marcas como medida efetiva, enquanto 25% defendem ações de empresas para combater o racismo entre funcionários e clientes.
O estudo aponta ainda divergências de percepção entre brancos e negros sobre políticas afirmativas, como cotas raciais em universidades e cargos de poder, mas registra consenso sobre a importância da representatividade negra em universidades e cargos políticos.
Racismo ambiental e desigualdade estrutural:
A pesquisa também revelou que metade dos entrevistados percebe a população negra com maior dificuldade de acesso à água potável, saneamento e proteção contra desastres naturais. Além disso, destaca a necessidade de políticas públicas específicas para reduzir desigualdades históricas ligadas à educação, mercado de trabalho e oportunidades de moradia no Amazonas e em outras capitais.
Segundo Pantoja, é fundamental não apenas garantir acesso, mas também implementar políticas de suporte e reforço que permitam avanços concretos para a população negra, evitando que iniciativas como cotas ou oportunidades no mercado de trabalho percam efeito devido à falta de acompanhamento e estrutura de apoio.
A pesquisa contou com nível de confiança de 95% e margem de erro de 2 pontos percentuais para o total da amostra, variando entre 4 e 6 pontos nas análises por capital.
Com informações da Assessoria.
Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.






