A polícia italiana solicitou, nesta quarta-feira (3), documentos de 13 marcas de moda de luxo como parte de uma investigação sobre possíveis irregularidades trabalhistas em oficinas subcontratadas. As empresas não são alvo direto do inquérito, mas tiveram itens encontrados em locais sob apuração, segundo documentos judiciais consultados pela agência Reuters.
Foram enviadas ordens para Dolce & Gabbana, Versace, Prada 1913.F, Adidas Italy, Off-White Operating, Missoni, Ferragamo, Givenchy Italia, Alexander McQueen Italia, Gucci, Yves Saint Laurent Manifatture, Pinko (Cris Conf.) e Coccinelle.
De acordo com os registros, nenhuma dessas marcas está sob intervenção judicial e não há solicitação de medidas cautelares contra elas. As empresas ainda não se manifestaram.
Itens das marcas apareceram em oficinas investigadas
As marcas foram incluídas no processo porque, durante buscas realizadas em oficinas administradas por empresários de origem chinesa, a polícia encontrou peças, rascunhos e documentos relacionados às 13 empresas. A operação foi conduzida pelos Carabinieri em Milão, com apoio de equipes em Florença, Parma e Varese.
Os promotores afirmam que a participação das empresas ainda será avaliada, já que apenas pequenas quantidades de produtos foram identificadas. O objetivo é analisar se os modelos de governança e controle interno são suficientes para prevenir violações trabalhistas.
Processo prevê que empresas façam ajustes espontâneos
Após a entrega dos documentos solicitados, as empresas poderão ajustar voluntariamente seus sistemas de gestão caso sejam identificadas falhas. Caso isso não ocorra, promotores de Milão podem avançar com medidas preventivas e cautelares.
Governo tenta reforçar proteção ao setor “Made in Italy”
Nos últimos anos, autoridades italianas vêm expondo irregularidades recorrentes na cadeia de fabricação de moda e luxo. Para responder às denúncias, o governo apresentou um projeto que cria certificação legal para empresas do setor, com foco na verificação das condições de fornecedores.
Segundo o ministro da Indústria, Adolfo Urso, a meta é estabelecer um modelo de verificação externa das cadeias produtivas.
Em pronunciamento anterior sobre o tema, o ministro detalhou que a certificação busca resguardar a reputação das marcas italianas no cenário internacional. Ele reforçou que o setor é responsável por parte significativa da produção global de bens de luxo.
Com essa medida, será possível garantir a segurança da cadeia de suprimentos da moda italiana, um motivo de orgulho para o ‘Made in Italy’, e proteger sua reputação mundial, disse Urso.
Documentos exigidos pela Justiça
As ordens de produção incluem:
- Registros históricos das empresas;
- Contratos de prestação de serviços e organogramas;
- Descrições de cargos ligados ao monitoramento de fornecedores;
- Atas de conselhos e auditorias de 2023 até agora;
- Procedimentos de credenciamento e fiscalização de fornecedores;
- Avaliação de riscos e documentos do órgão de supervisão;
- Códigos de conduta, registros de denúncias e sanções disciplinares;
- Relatórios e planos de trabalho da auditoria interna;
- Lista completa de fornecedores e subcontratados;
- Contratos relacionados às oficinas investigadas;
- Sistemas de rastreamento de produtos, quando existentes.
A Itália concentra entre 50% e 55% da produção global de artigos de luxo, segundo estimativas da consultoria Bain. Em maio, representantes do setor assinaram um acordo com autoridades para reforçar ações contra exploração trabalhista.
Com informações CNN*
Por Haliandro Furtado — Redação da Jovem Pan News Manaus






