Polícia prende suspeito de participar do roubo de obras da Biblioteca Mário de Andrade em SP

Homem foi localizado na Mooca um dia após o furto de 13 obras de Candido Portinari e Henri Matisse. Outro suspeito segue foragido
Foto: Arquivo pessoal

A Polícia Civil de São Paulo prendeu, nesta segunda-feira (8), um dos suspeitos de invadir e furtar a Biblioteca Mário de Andrade, no Centro da capital. O crime ocorreu no domingo (7), quando dois homens subtraíram 13 obras de arte de Candido Portinari e Henri Matisse.

O detido foi identificado como Felipe dos Santos Fernandes Quadra, de 31 anos. Ele foi encontrado em uma residência na Mooca, zona leste da cidade. Segundo a polícia, possui antecedentes por furto, roubo e tráfico de drogas. O segundo suspeito já foi identificado, mas permanece foragido. O nome não foi divulgado.

A identificação da dupla ocorreu por meio de câmeras de vigilância que registraram os homens circulando com as obras na manhã do crime. A Prefeitura de São Paulo comunicou que acionou a Interpol, via Polícia Federal, para evitar que os itens sejam levados para fora do país.

Investigação e localização de veículo

A 1ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) conduz a investigação. Em nota, o órgão informou que o veículo usado na fuga foi localizado, apreendido e encaminhado para perícia. As diligências continuam para encontrar o segundo suspeito e recuperar as obras.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), os criminosos renderam uma vigilante e um casal de idosos que visitava a biblioteca. Eles seguiram até a área da cúpula de vidro, colocaram documentos e oito quadros em uma sacola de lona e fugiram pela saída principal. Vigilantes acionaram policiais militares que patrulhavam a região, mas a dupla não foi localizada.

O caso foi registrado no 2º Distrito Policial (Bom Retiro) e será apurado pela Cerco.

Vídeos mostram ação dos suspeitos

Imagens do sistema SmartSampa mostram dois homens caminhando pela rua João Adolfo carregando obras de arte. Em vídeos obtidos pela TV Globo, uma van azul estaciona no local às 10h43. Os dois suspeitos descem, seguem pela calçada e retornam um minuto depois. Um deles, usando camiseta clara, retira duas telas da van e caminha com elas. Outro carrega papéis.

Outro ângulo mostra três telas deixadas encostadas em um muro na esquina da rua João Adolfo com a Alfredo Gagliotti. Depois, um dos suspeitos corre e atravessa a rua. Não há registro do que ocorreu com as obras após esse momento. Até a última atualização, os itens não haviam sido recuperados.

Obras levadas da exposição

A Secretaria de Cultura e Economia Criativa informou que foram furtadas oito gravuras de Henri Matisse e cinco gravuras da série “Menino de Engenho”, de Candido Portinari. As obras faziam parte da mostra “Do livro ao museu: MAM São Paulo e a Biblioteca Mário de Andrade”. Os valores de seguro não foram divulgados por cláusula contratual, segundo o curador-chefe do MAM, Cauê Alves.

No perfil oficial da biblioteca, uma foto da exposição publicada no sábado (6) mostra as pranchas de Matisse do livro “Jazz”, que reúne 20 impressões. As oito gravuras levadas estavam posicionadas no canto esquerdo da exibição. Entre as obras furtadas estão:

  • Le Clown
  • Le Cirque
  • Monsieur Loyal
  • Cauchemar de l’Éléphant Blanc
  • Le Codomas
  • La Nageuse dans l’Aquarium
  • L’Avaleur de Sabres
  • Le Cowboy

Também foram levadas cinco gravuras da série “Menino de Engenho”, de Portinari.

Histórico da biblioteca e registros anteriores

A Biblioteca Mário de Andrade, mantida pela administração municipal, é a segunda maior do país e a maior biblioteca pública da cidade de São Paulo. O espaço completou 100 anos em fevereiro e recebeu mais de 207 mil visitantes em 2023. O nome atual foi adotado em 1960, em homenagem ao escritor Mário de Andrade.

A instituição já havia sido alvo de ladrões em 2006, quando 12 gravuras raras do século 19 foram furtadas. As obras, datadas de 1834, foram recuperadas pela Polícia Federal apenas em 2024.


Com informações do G1*

Por Haliandro Furtado — Redação da Jovem Pan News Manaus