A produção de café no Amazonas tem registrado crescimento nos últimos anos, impulsionada pela consolidação do café robusta amazônico, pelo uso de tecnologias de irrigação e pelo trabalho de pesquisa conduzido pela Embrapa. Segundo dados do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), a safra de 2025 deve alcançar cerca de 2,2 mil toneladas, mantendo a tendência de expansão observada desde 2019.
Em entrevista à Jovem Pan News Manaus, na apresentação do Massami MIki, o empresário do agronegócio Cláudio Decares, que atua no plantio de café, citrus e açaí, afirmou que o crescimento da cafeicultura no estado está diretamente ligado à adaptação da cultura às condições ambientais da região amazônica.
Produzir café no Amazonas exige planejamento e tecnologia. O clima é diferente do Sudeste, então o produtor precisa entender o período correto de plantio, o uso da irrigação e o manejo adequado para garantir produtividade. Foi esse conjunto de fatores que permitiu o avanço do café robusta no estado, afirmou.
Decares destacou que o desenvolvimento do café robusta amazônico teve início a partir de pesquisas da Embrapa, que passaram a identificar materiais genéticos mais adaptados à região.
A Embrapa começou esse trabalho por volta de 2009 e, em 2019, lançou clones mais produtivos e adaptados ao nosso clima. Isso mudou completamente o cenário da cafeicultura no Amazonas, porque trouxe segurança técnica para o produtor investir, disse.
Atualmente, mais de 150 clones estão em fase de estudo, com dez já certificados, o que amplia as opções de plantio e melhora o desempenho das lavouras. De acordo com o produtor, o uso desses materiais permite elevar a produtividade mesmo em áreas menores, realidade comum na agricultura familiar.
O Amazonas não tem grandes extensões contínuas como outros estados produtores. Por isso, o ganho de produtividade por hectare é fundamental. Hoje, com os clones certos e manejo adequado, é possível produzir em média 100 sacas por hectare ao ano, explicou.
Outro ponto destacado na entrevista foi a importância da irrigação para garantir regularidade na produção, especialmente diante das variações climáticas.
A chuva é suficiente em determinados períodos, mas não é regular o ano todo. A irrigação garante que a planta não sofra estresse hídrico e mantenha o ciclo produtivo. Sem isso, o risco de perda aumenta muito, afirmou.
Além da produção em campo, Decares ressaltou que o processo de colheita e pós-colheita é decisivo para a qualidade do café e para a valorização do produto no mercado.
Não adianta produzir bem se a colheita e a secagem não forem feitas corretamente. Esses cuidados fazem diferença direta no preço final do café e na aceitação pelo mercado consumidor, disse.
Segundo ele, a cafeicultura tem se mostrado uma alternativa viável para geração de renda no meio rural amazonense, especialmente quando associada à diversificação de culturas.
Na nossa propriedade, o café convive com o açaí e o citrus. Essa diversificação ajuda a equilibrar a renda ao longo do ano e reduz os riscos do produtor depender de uma única cultura, afirmou.
O empresário também apontou a logística como um dos principais desafios para o setor no Amazonas, defendendo o fortalecimento do mercado regional como estratégia.
A logística ainda pesa muito no custo de produção. Por isso, fortalecer o consumo local e regional é fundamental. Manaus tem um mercado grande, e consumir o café produzido aqui ajuda a manter a atividade sustentável”, avaliou.
Para Decares, o avanço da cafeicultura no Amazonas depende da continuidade das pesquisas, da assistência técnica e de políticas públicas voltadas à infraestrutura rural.
“O café robusta amazônico mostrou que é possível produzir com qualidade na região. Agora, o desafio é ampliar o apoio ao produtor, melhorar a logística e garantir que essa produção continue crescendo de forma estruturada”, concluiu.

Com informações da Agência Brasil*
Por Haliandro Furtado — Redação da Jovem Pan News Manaus






