Proporção de trabalhadores em home office recua e chega a 7,9% em 2024

IBGE aponta redução pelo segundo ano seguido; mulheres seguem maioria entre quem trabalha de casa
Levantamento do IBGE mostra queda do home office e detalha distribuição dos locais de trabalho - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A proporção de trabalhadores em home office caiu pela segunda vez consecutiva no país, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (19), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 2024, 7,9% dos trabalhadores realizavam atividades no domicílio de residência, o equivalente a 6,6 milhões de pessoas. Em 2022, essa parcela havia alcançado 8,4%.

O estudo integra a edição especial da Pnad Contínua, que apresenta séries anuais desde 2012, exceto 2020 e 2021, quando a coleta foi interrompida pela pandemia. O levantamento considera o universo de 82,9 milhões de trabalhadores, excluindo empregados do setor público e trabalhadores domésticos.

O IBGE também incluiu trabalhadores que utilizam coworkings na categoria de atividades realizadas a partir do domicílio.
Ao comentar o conceito adotado pela pesquisa, o analista William Kratochwill explicou o critério.

“As pessoas falam: ‘eu trabalho de casa’, mas não necessariamente ela vai trabalhar em casa, ela pode escolher ir a um coworking”, disse o pesquisador.

A pesquisa mostra que mulheres continuam representando a maior parte das pessoas em home office, com 61,6% dos trabalhadores nessa condição. Entre todas as mulheres ocupadas, 13% estavam trabalhando de casa. Entre homens, o índice foi de 4,9%.

O IBGE destaca que o avanço do trabalho remoto ocorreu após a pandemia, quando houve mudança na dinâmica laboral.
Kratochwill contextualizou a evolução do indicador ao longo da série histórica.

“O trabalho no domicílio de residência claramente deu uma arrancada depois da pandemia. Mas ainda está em um nível superior ao que tínhamos antes do período pandêmico e das novas tecnologias”, destacou.

Em 2012, o percentual de trabalhadores em home office era de 3,6%. Em 2019, subiu para 5,8% e atingiu o ponto mais alto em 2022, antes da queda registrada nos dois anos seguintes.

A redução do home office também tem provocado reações no setor privado. Neste mês, o Nubank anunciou a redução gradual do trabalho remoto, o que resultou em demissões, segundo o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região. Em março, funcionários da Petrobras realizaram paralisação contra a diminuição do teletrabalho.

O levantamento detalha ainda a distribuição dos trabalhadores por local de exercício da atividade. Em 2024, 59,4% atuavam no estabelecimento do próprio empreendimento; 14,2% em locais designados pelo empregador; 8,6% em propriedades rurais; 7,9% no domicílio; 4,9% em veículos automotores; 2,2% em vias públicas; 1,6% em estabelecimentos de terceiros; 0,9% no domicílio do empregador; e 0,2% em outros locais.

O trabalho realizado em veículos automotores aumentou de 3,7% em 2012 para 4,9% em 2024.
Segundo Kratochwill, esse crescimento está ligado ao setor de transportes e à expansão de novos modelos de serviço.

“Com certeza há um impacto do transporte de passageiros. Mas não se pode desconsiderar essa nova onda de food truck. Cada um, um pouquinho favorece para isso”, concluiu.

Na categoria de trabalho em veículos, as mulheres representaram 5,4% dos trabalhadores. Entre todos os homens ocupados, 7,5% atuavam nessa modalidade, enquanto entre mulheres o índice foi de 0,7%.


Com informações da Agência Brasil*

Por Haliandro Furtado, da redação da Jovem Pan News Manaus