Quase metade das mulheres brasileiras (46%) relata não ser tratada com respeito, segundo a 11ª Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, realizada pelo DataSenado em parceria com a Nexus e o Observatório da Mulher contra a Violência (OMV). O levantamento aponta que ruas, trabalho e casa continuam sendo ambientes de vulnerabilidade.
A pesquisa ouviu mais de 20 mil mulheres em todas as regiões do país e revela que o machismo ainda é predominante: 94% das entrevistadas classificam o Brasil como um país machista. Entre elas, o grupo que considera o país “muito machista” passou de 62% em 2023 para 70% em 2025, representando um aumento de cerca de 8 milhões de mulheres com avaliação mais crítica sobre desigualdade de gênero.
Desrespeito em diferentes ambientes
As ruas permanecem como o local mais citado de desrespeito, com 49% das mulheres afirmando se sentir vulneráveis nesse espaço. Dentro de casa, a percepção de desrespeito aumentou 4 pontos percentuais, equivalente a cerca de 3,3 milhões de mulheres a mais, enquanto no ambiente de trabalho o índice se mantém estável, sendo o segundo lugar em que o respeito é menor.
Beatriz Accioly, antropóloga e líder de Políticas Públicas do Instituto Natura, ressalta que “não é só a rua que apresenta perigo; os altos índices de violência doméstica e feminicídio demonstram que o desrespeito também está no círculo social mais íntimo, que deveria ser de proteção”.
Diferenças regionais
A percepção de respeito varia por região. No Sul, 53% das mulheres relatam tratamento desigual, seguido pelo Nordeste (50%), Sudeste (48%), Centro-Oeste (44%) e Norte (41%). Em todas as regiões, prevalece a sensação de respeito ocasional ou completo desrespeito, evidenciando que a violência contra a mulher é um problema estrutural com impactos sociais e econômicos.
Influência da escolaridade
O nível de instrução também influencia a percepção de respeito. Entre mulheres não alfabetizadas, 62% afirmam não ser respeitadas, enquanto entre universitárias, o índice cai para 41%. Mesmo entre as mais escolarizadas, apenas 8% dizem ser plenamente respeitadas, mostrando que a educação reduz, mas não elimina, a percepção de desrespeito. Vitória Régia da Silva, diretora executiva da Associação Gênero e Número, aponta que “mulheres com menor acesso à educação formal enfrentam mais desrespeito e maiores dificuldades para denunciar ou acessar serviços de proteção”.
Violência doméstica
A pesquisa também revela que 79% das mulheres acreditam que a violência doméstica aumentou nos últimos 12 meses, atingindo o maior patamar da série histórica desde 2017. A constatação reforça a necessidade de políticas públicas e leis efetivas para proteger mulheres em todos os espaços da sociedade.
Com informações da Assessoria.
Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.






