“Salário deixou de ser a coisa mais importante”, diz especialista sobre novo perfil profissional

Mudança nas prioridades dos trabalhadores pressiona empresas a rever liderança, cultura e estratégias de RH

As mudanças no perfil do trabalhador e os novos desafios enfrentados pelas empresas na gestão de pessoas foram tema de debate no Jornal da Manhã desta terça-feira (16), apresentado por Massami Miki, na rádio Jovem Pan News Manaus (98,7 FM). A conversa abordou como fatores como qualidade de vida, propósito, bem-estar e desenvolvimento profissional passaram a influenciar diretamente as decisões de carreira.

Convidada do programa, a psicóloga e mentora de líderes Thalita Rocha destacou que o mercado vive um momento de adaptação, tanto para empregadores quanto para profissionais, diante de mudanças geracionais e de comportamento.

“O perfil dos profissionais mudou muito. As empresas estão com dúvidas sobre o que contratar e como contratar. Antes era mais óbvio buscar determinados perfis, hoje todo mundo está tentando entender o que os profissionais realmente estão demandando”, afirmou.

Segundo a especialista, a relação das pessoas com o trabalho já não é mais guiada apenas pela remuneração. Outros fatores passaram a ter peso decisivo na escolha por uma empresa.

“O salário deixou de ser a coisa mais importante. Os profissionais estão em busca de qualidade de vida, de ambientes de trabalho diferenciados e de entregas que, até algum tempo atrás, não eram prioridade”, explicou.

Esse novo cenário tem exigido uma mudança profunda no papel do setor de Recursos Humanos, que deixou de atuar apenas de forma operacional e passou a assumir uma função estratégica dentro das organizações.

“O RH não é mais só recrutamento, folha de pagamento e processos. Hoje ele precisa sentar à mesa com os tomadores de decisão, apoiar a estratégia do negócio e ajudar a encontrar caminhos para atrair e manter talentos”, avaliou.

Durante a entrevista, Thalita também ressaltou que a manutenção de talentos se tornou um dos maiores desafios das empresas, especialmente em um mercado com escassez de mão de obra qualificada. Para ela, a liderança tem papel central nesse processo.

“Não é o RH que faz as coisas acontecerem no cuidado com as pessoas. São os líderes. Eles estão no dia a dia com os colaboradores e têm um papel essencial na manutenção desses profissionais”, destacou.

Outro ponto levantado foi a dificuldade crescente em formar e encontrar bons líderes. Segundo a especialista, muitos profissionais qualificados têm optado por carreiras mais técnicas, evitando cargos de gestão por conta da complexidade de liderar pessoas.

“Está cada vez mais desafiador encontrar líderes preparados para lidar com equipes diversas e com as demandas emocionais do trabalho”, disse.

Por fim, a psicóloga avaliou que o mercado está mais aberto a mudanças de carreira, desde que essas transições sejam feitas com planejamento e qualificação.

“Hoje é possível mudar de área, de profissão, mas é importante fazer isso de forma responsável, buscando formação e preparo para atuar com competência e gerar resultados”, concluiu.

 

Acompanhe a entrevista completa: Jornal da Manhã | JP News Manaus 16.12.2025


Por João Paulo Oliveira, da redação da Jovem Pan News Manaus