Operação Boiúna, realizada entre 10 e 24 de setembro no Amazonas e em Rondônia, é alvo de denúncias de abusos de direitos humanos e crimes ambientais
A Operação Boiúna, realizada pela Polícia Federal entre 10 e 24 de setembro nos municípios de Humaitá e Manicoré, no Amazonas, e em áreas de Rondônia, passou a ser alvo de questionamentos e denúncias de possíveis violações de direitos humanos e crimes ambientais. A ação de combate à extração ilegal contou com armamento pesado, helicópteros e explosões de balsas, o que, segundo parlamentares, gerou impactos sociais e ambientais relevantes.
Em entrevista exclusiva à Jovem Pan News Manaus, o senador Plínio Valério (PSDB-AM) afirmou que documentos da Ouvidoria do Amazonas e ações encaminhadas pela Defensoria Pública ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) indicam indícios de irregularidades. O parlamentar também criticou a forma de execução da operação:
“Ali se cometeu todo tipo de atrocidade. Foram desrespeitados direitos de crianças, grávidas, mulheres, homens que sustentam sua família e idosos. Impactou escolas, comércio e até atividades religiosas, como a procissão católica em um feriado municipal. Além disso, houve crimes ambientais: fumaça tomou conta do ar, óleo diesel ficou na superfície da água e materiais pesados afundaram nos rios.”
OAB-AM avalia contexto e reforça compromisso com direitos humanos
Em nota, a Comissão de Direitos Humanos da OAB Amazonas ressaltou que o sul do Estado enfrenta conflitos socioambientais e fundiários, como invasões de terras, garimpo e desmatamento ilegais, que afetam comunidades tradicionais e o equilíbrio ambiental.
A entidade informou que não recebeu denúncias específicas ligadas diretamente à Operação Boiúna, mas segue atenta e pronta para agir caso surjam relatos, articulando-se com órgãos públicos e a sociedade civil para garantir a proteção de direitos humanos.
A OAB-AM também reconheceu a importância do trabalho de órgãos como Polícia Federal, ICMBio e Ibama, defendendo o fortalecimento do Plano Amazônia para combater organizações criminosas e proteger o meio ambiente, sem perder de vista a necessidade de políticas públicas que ofereçam alternativas de subsistência a quem é levado a atividades ilegais.
Enquanto isso, a Comissão de Direitos Humanos do Senado, que esteve em Humaitá e Manicoré, prepara um relatório final com base em documentos e informações levantadas, que será encaminhado a órgãos nacionais e internacionais, mantendo a Operação Boiúna no centro do debate sobre os limites legais e socioambientais em ações de combate ao garimpo ilegal na Amazônia.
Por João Paulo Oliveira, da Jovem Pan News Manaus