O sinistro teve início em uma casa localizada no Beco Bragança, na Rua da Cachoeira, e, devido à proximidade e natureza das construções, rapidamente se alastrou para imóveis vizinhos.
Desespero e Ação Comunitária
A situação no local foi de desespero entre os moradores. Enquanto as chamas se espalhavam, a comunidade se uniu em uma corrida contra o tempo para tentar minimizar os estragos, utilizando baldes e mangueiras em uma tentativa desesperada de conter o fogo até a chegada efetiva do CBMAM.
Muitas famílias foram vistas retirando às pressas pertences e desocupando casas próximas, temendo que o fogo consumisse ainda mais residências na área.
O Balanço Preliminar da Tragédia
De acordo com informações preliminares divulgadas pelo Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM), o incêndio atingiu mais de oito casas.
Apesar do cenário de destruição, a boa notícia é que não houve registro de vítimas. A ação rápida dos moradores, que evacuaram as residências logo que o fogo começou causado por um curto-circuito em uma fiação solta sobre um colchão, foi determinante para evitar uma tragédia maior.
O tenente-coronel Muniz, do CBMAM, explicou que o fogo teve início em uma residência de dois pavimentos, construída em madeira. Segundo ele,
“um fio solto acabou caindo sobre um colchão, o que deu início às chamas”.
O oficial destacou que a moradora conseguiu retirar os familiares a tempo, o que foi essencial para garantir a segurança de todos.
Conforme relatou Muniz, quando as equipes do Corpo de Bombeiros chegaram ao local, as chamas já estavam se espalhando para as casas vizinhas, que ficam muito próximas umas das outras.
“Nossos militares agiram com rapidez para confinar o fogo e impedir que ele atingisse toda a área. Conseguimos conter a propagação e, neste momento, trabalhamos no rescaldo e na verificação de possíveis pontos de reignição”, explicou.
O tenente-coronel também reforçou o alerta à população sobre os riscos de instalações elétricas improvisadas. Ele lembrou que muitos imóveis da região são de madeira e contam com ligações irregulares, o que aumenta o perigo.
“Recomendamos sempre procurar um profissional qualificado para realizar qualquer tipo de serviço elétrico. Pequenos descuidos podem gerar incêndios de grandes proporções, como o que vimos aqui hoje”, ressaltou.
As equipes do CBMAM permanecem no local realizando o rescaldo e avaliando os danos. De acordo com Muniz, “o incêndio está controlado, não há risco de propagação e as residências vizinhas estão protegidas”.
O oficial destacou ainda a importância do trabalho integrado com outros órgãos municipais.
“A Defesa Civil e a Semasc estão conosco desde o início da ocorrência, prestando assistência às famílias atingidas e auxiliando no levantamento das perdas materiais. Agora, o foco é garantir segurança e apoio social a todos os afetados”, concluiu o tenente-coronel.
Tragédia anunciada e a esperança de Reestruturação em Manaus
O drama vivido hoje no bairro São Jorge, com mais um incêndio de grandes proporções atingindo casas e causando desespero, infelizmente, ecoa a memória de uma das maiores tragédias urbanas recentes de Manaus: o incêndio no bairro Educandos, na Zona Sul.
O Incêndio no Educandos: Uma Ferida na Cidade
Em dezembro de 2018, o Educandos foi palco de um incêndio devastador que destruiu cerca de 600 casas, a maioria de madeira e palafitas, em uma área de risco e alagadiça. A tragédia deslocou milhares de moradores e evidenciou a vulnerabilidade das comunidades que vivem em condições precárias e em zonas de perigo, muitas vezes à beira de igarapés. O fogo, que se alastrou rapidamente devido à proximidade das residências e ao material de construção, tornou-se um marco da urgência em promover a reestruturação urbana e a segurança habitacional na capital amazonense.
O PROSAMIM e a Tentativa de Revitalização
Diante de catástrofes como a do Educandos, e para combater as condições de risco em áreas de alagado e palafitas, o Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (PROSAMIM) se destacou como um importante instrumento de intervenção.
O Prosamim, financiado em parte por organismos internacionais como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), tem como objetivo a reabilitação socioambiental de áreas de igarapés, retirando famílias de locais de risco e realocando-as em conjuntos habitacionais dignos e bem estruturados.
Após o incêndio no Educandos, o Governo do Amazonas anunciou planos para a implantação de uma nova etapa do Prosamim na área atingida, visando a indenização e retirada de famílias para a implantação de um novo projeto, buscando evitar que novas tragédias se repitam em comunidades altamente vulneráveis. Tragédias como a de hoje no São Jorge e a do Educandos reforçam a necessidade contínua de investimentos em infraestrutura, fiscalização de instalações elétricas e expansão de programas sociais como o Prosamim, garantindo moradia segura e digna para a população de Manaus.
Por Erick Orteipp e Tatiana Sobreira, da redação da Jovem Pan News Manaus.