A Warner Bros. Discovery (WBD) recomendou formalmente que seus acionistas rejeitem a oferta de compra apresentada pela Paramount, classificando a proposta como “ilusória” e sem garantias suficientes de execução. A posição foi apresentada em resposta oficial divulgada nesta quarta-feira (17), uma semana após o lançamento da oferta hostil.
Segundo a WBD, o plano em andamento para vender a maior parte de seus ativos de mídia à Netflix representa um negócio mais vantajoso para os acionistas. A empresa afirma que a proposta da Paramount envolve riscos financeiros e estruturais que colocam em dúvida a viabilidade da operação.
Apesar da recomendação, a decisão final cabe aos acionistas da WBD. Parte deles já indicou que pode ignorar a orientação da empresa e vender suas ações à Paramount pelo valor de US$ 30 por papel. A Paramount sustenta que sua oferta entrega “mais valor e mais certeza” aos investidores.
Executivos da Warner contestam essa avaliação e apontam incertezas no financiamento da proposta. A principal preocupação levantada diz respeito à origem dos recursos, majoritariamente vinculados a famílias reais da Arábia Saudita, Catar e Abu Dhabi.
A Paramount afirma possuir “financiamento sólido” e classificou como “absurdas” as dúvidas levantadas pela WBD. A Warner, por sua vez, questiona por que os atuais controladores da Paramount recorreram a capital externo em vez de ampliar investimentos próprios.
No início deste ano, David Ellison e seu pai, Larry Ellison, fundador da Oracle, assumiram o controle da Paramount após um processo de fusão prolongado. Segundo a Forbes, Larry Ellison tem patrimônio estimado em US$ 240 bilhões, figurando entre os três homens mais ricos do mundo.
A Paramount afirma que a família Ellison apoia integralmente a proposta. A Warner rebateu essa versão em sua carta aos acionistas, afirmando que o apoio “não existe e nunca existiu”.
Financiamento sob questionamento político
O financiamento estrangeiro também passou a ser alvo de questionamentos políticos nos Estados Unidos. Parlamentares democratas manifestaram preocupação com possíveis impactos à segurança nacional.
“Essa transação levanta preocupações de segurança nacional, pois pode transferir influência substancial sobre uma das maiores empresas de mídia americanas para financiadores com apoio estrangeiro”, escreveram os deputados Sam Liccardo e Ayanna Pressley em carta enviada à WBD.
Em documentos apresentados à SEC, a Paramount declarou que os financiadores do Oriente Médio concordaram em abrir mão de direitos de voto e participação na governança da Warner caso o negócio avance. A informação, no entanto, ampliou as dúvidas sobre os interesses desses investidores na operação.
Outro revés ocorreu na terça-feira, quando a Affinity Partners, fundo de private equity de Jared Kushner, anunciou a saída do processo. Em nota, a empresa afirmou que decidiu não seguir adiante diante da disputa entre “dois fortes concorrentes” pelo controle do ativo. A Affinity conta com aporte relevante do fundo soberano saudita.
Apesar da desistência, a Affinity declarou continuar vendo “uma justificativa estratégica sólida” para a oferta da Paramount.
Prazo e próximos passos
A disputa pode se estender por meses. A oferta atual da Paramount para recompra de ações expira em 8 de janeiro, com possibilidade de prorrogação. Analistas de Wall Street avaliam que a empresa pode elevar a proposta, recorrer à Justiça ou adotar outras estratégias para pressionar os acionistas.
Netflix mantém acordo com a Warner
Enquanto isso, a Netflix confirmou que seguirá com o plano de adquirir ativos estratégicos da Warner, incluindo o estúdio Warner Bros., o serviço HBO Max e outros negócios ligados à produção audiovisual.
Em mensagem enviada aos funcionários, os co-CEOs Greg Peters e Ted Sarandos afirmaram que o acordo é “sólido” e que traz benefícios para acionistas, consumidores e empregos no setor.
Pelo plano atual, a Warner Bros. Discovery será dividida em duas empresas de capital aberto no próximo verão no hemisfério norte. Após essa etapa, a Netflix buscará aprovação regulatória para comprar a unidade que concentrará os ativos da Warner Bros. A outra companhia, que se chamará Discovery Global, reunirá a CNN e outros canais.
O ex-presidente Donald Trump afirmou na semana passada que pretende participar da análise regulatória. Ele indicou preferência pela proposta da Paramount e voltou a criticar a CNN, afirmando que considera imprescindível a venda da emissora.
Com informações da CNN*
Por Haliandro Furtado — Redação da Jovem Pan News Manaus






