Desconhecida por 65% dos brasileiros, Amazônia ainda é vista com estereótipos, aponta pesquisa

Apesar do orgulho e admiração que a Amazônia desperta, a maioria dos brasileiros ainda percebe a região como um território distante, pouco conhecido e cercado de estereótipos. É o que mostra a pesquisa “O que o Brasil pensa da Amazônia”, conduzida pela ASSOBIO (Associação dos Negócios de Sociobioeconomia da Amazônia) em parceria com a FutureBrand São Paulo, com apoio da Timelens e patrocínio do Fundo Vale.

O levantamento aponta que 65% dos brasileiros afirmam não conhecer de fato a Amazônia, seja por nunca terem visitado a região ou por só acompanharem notícias quando a floresta é destaque na mídia. A pesquisa também revela baixo conhecimento sobre a bioeconomia amazônica, apesar do alto interesse pelos produtos regionais.

Imaginário marcado por distanciamento e estereótipos

A pesquisa foi realizada com 1.038 brasileiros maiores de 18 anos, de diferentes classes sociais e regiões do país. Os dados mostram que, embora a Amazônia seja vista com sentimentos como admiração (47%), orgulho (39%) e fascínio (27%), muitos brasileiros ainda associam a região exclusivamente à floresta intocada, ao misticismo ou à devastação ambiental.

Apenas 35% dos entrevistados reconhecem a existência de grandes cidades na Amazônia, o que revela um grande desconhecimento sobre a realidade urbana e social da região.

Bioeconomia é pouco conhecida, mas tem alto potencial

Um dos focos da pesquisa foi avaliar o entendimento da população sobre a bioeconomia amazônica — modelo de desenvolvimento sustentável baseado na valorização da biodiversidade e na produção com a floresta em pé. Apenas 34% dos entrevistados dizem conhecer o termo, mas 73% demonstraram interesse em consumir produtos da sociobioeconomia.

Entre os principais atrativos desses produtos estão:

A percepção de que são mais naturais e sustentáveis;

A valorização da biodiversidade brasileira;

O apoio direto a comunidades locais.

Sustentabilidade ainda é secundária no consumo prático

O levantamento também mostrou um descompasso entre o discurso e a prática da sustentabilidade no Brasil. Embora a maioria afirme adotar hábitos como:

Economizar água e energia (81%);

Separar lixo para reciclagem (74%),

apenas 15% consideram a sustentabilidade um tema de interesse cotidiano. No momento da compra, qualidade, preço e conveniência ainda pesam mais do que preocupações ambientais, o que indica que a sustentabilidade segue sendo um valor moralizado, mas não determinante no consumo.

Produtos amazônicos ganham espaço, mesmo com barreiras

Apesar de dificuldades como preço elevado, acesso restrito e falta de informação, 42% dos brasileiros afirmam ter total interesse em consumir produtos da Amazônia. As principais categorias são:

Alimentos e ingredientes naturais (84%);

Cosméticos e cuidados pessoais (80%).

Esses produtos são percebidos não apenas como itens de consumo, mas como expressões da identidade brasileira, que unem saberes tradicionais, sabores únicos e potencial econômico sustentável.

Amazônia no debate internacional

Os resultados da pesquisa foram apresentados no último dia 22 de setembro, durante a Climate Week de Nova York, em evento na sede do Banco do Brasil Investimento. Para a ASSOBIO, os dados são um convite à reflexão sobre a forma como o país se relaciona com a floresta.

“É preciso ultrapassar a visão dicotômica entre preservação e exploração e promover a ideia de conservação com produção consciente. Só assim será possível transformar a Amazônia em um espaço produtivo, com a floresta em pé, gerando renda para suas populações e promovendo um futuro sustentável”, destacou Paulo Reis, presidente da associação.

Com informações de Florestal Brasil e assessoria de comunicação da ASSOBIO.

 

Por Erike Ortteip, da Redação da Jovem Pan News Manaus.

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