Mais de 53 milhões de pessoas e empresas têm R$ 10,46 bilhões em valores esquecidos em instituições financeiras, segundo informou nesta terça-feira (7) o Banco Central (BC). Do total, R$ 8,08 bilhões pertencem a 48,4 milhões de pessoas físicas, enquanto R$ 2,37 bilhões estão em nome de 4,56 milhões de empresas.
Os dados, divulgados com dois meses de defasagem, referem-se a agosto de 2025 e integram as estatísticas do Sistema de Valores a Receber (SVR). A consulta e o resgate devem ser feitos exclusivamente pelo site valoresareceber.bcb.gov.br, que exige conta nível ouro ou prata e verificação em duas etapas pelo Portal Gov.br.
De acordo com o Banco Central e o Ministério da Fazenda, não há prazo limite para o saque dos valores, que permanecem guardados nas instituições até a solicitação do titular. Apesar de o Congresso Nacional ter autorizado em 2024 o Tesouro Nacional a recolher os recursos, o Ministério da Fazenda informou que o processo não está em andamento.
Em agosto, os resgates somaram R$ 396,7 milhões. Desde o lançamento do sistema, em fevereiro de 2022, já foram devolvidos R$ 11,74 bilhões — sendo R$ 8,66 bilhões a 30,3 milhões de pessoas físicas e R$ 3,08 bilhões a 3,2 milhões de empresas. Segundo o BC, a maior parte dos beneficiários tem valores de pequeno porte: 64% possuem até R$ 10, enquanto apenas 1,8% têm montantes acima de R$ 1 mil.
Os valores estão distribuídos principalmente entre bancos (R$ 5,9 bilhões), administradoras de consórcio (R$ 3,1 bilhões) e cooperativas de crédito (R$ 864 milhões). Também há recursos em instituições de pagamento, financeiras, corretoras e distribuidoras. As origens mais comuns dos valores esquecidos incluem contas correntes e poupanças encerradas, tarifas cobradas indevidamente, cotas de cooperativas de crédito, recursos de consórcios encerrados e contas de pagamento com saldo residual.
O Banco Central reforça que o resgate é gratuito e deve ser feito somente pelo site oficial do SVR. Quem tem chave Pix cadastrada pode receber o dinheiro diretamente, em até 12 dias úteis. Já os correntistas sem Pix devem entrar em contato com a instituição financeira indicada pelo sistema para definir a forma de pagamento.
Desde maio, o BC passou a oferecer a opção de resgate automático, que permite ao cidadão autorizar o recebimento dos valores sem necessidade de novas consultas ou pedidos manuais. O recurso visa simplificar o processo e evitar que os usuários percam prazos ou deixem valores esquecidos.
O órgão também emitiu alertas contra golpes, lembrando que não envia links, não faz ligações e não cobra taxas para intermediar o resgate. Todos os serviços do Valores a Receber são gratuitos e realizados apenas por meio do site oficial. O BC orienta que nenhuma senha seja fornecida e destaca que apenas a instituição financeira listada na consulta pode contatar o cidadão para tratar sobre valores disponíveis.
Fonte: Agência Brasil
Por João Paulo Oliveira, da Redação de Jornalismo