Governo Federal cria comitê para enfrentar crise do metanol e investiga possível ligação com crime organizado

Ministro da Justiça apura com a PF se metanol usado em bebidas adulteradas veio de cargas abandonadas por organizações criminosas

O governo federal anunciou nesta terça-feira (7) a criação de um comitê de enfrentamento à crise causada por bebidas alcoólicas contaminadas com metanol, substância altamente tóxica que já provocou mortes e internações em diversas regiões do país. O comitê, segundo o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, atuará em parceria com a sociedade civil e o setor produtivo.

O objetivo é coordenar ações repressivas contra adulteradores e, ao mesmo tempo, proteger empresas e comerciantes que atuam legalmente na produção e venda de bebidas alcoólicas.

“Tivemos uma discussão bastante frutífera com o setor e concluímos que seria importante montar um comitê para troca de informações, divulgação de boas práticas e alinhamento de providências tomadas pelo setor público e privado”, afirmou Lewandowski após reunião com representantes do setor.

PF apura ligação com crime organizado

Durante coletiva à imprensa, o ministro revelou que a Polícia Federal investiga a hipótese de que metanol apreendido e abandonado por organizações criminosas esteja sendo desviado para a falsificação de bebidas alcoólicas.

“Muitos caminhões e tanques de metanol foram abandonados após uma operação policial contra a infiltração do crime organizado no setor de combustíveis. Esta é uma hipótese que está sendo estudada e acalentada pela Polícia Federal”, afirmou.

Segundo Lewandowski, a investigação agora foca em identificar a origem do metanol utilizado nas bebidas adulteradas — se proveniente de combustível fóssil ou de insumos agrícolas. A distinção é importante, pois define os alvos da repressão.

“Se esta é a origem do metanol que está adulterando as bebidas, a atuação repressiva será numa direção. Se for a partir de produtos agrícolas, a repressão terá outros alvos”, explicou.

Apesar de o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, ter negado na semana passada que as contaminações estejam ligadas ao crime organizado, Lewandowski não descarta essa possibilidade. São Paulo é, até agora, o estado com o maior número de casos e mortes registrados.

Governo vai monitorar venda de insumos para falsificação

O ministro também informou que o governo pretende aumentar o controle sobre a venda online de materiais usados na falsificação de bebidas, como rótulos, lacres, garrafas e tampas.

Essa ação será coordenada por diferentes órgãos, como a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), o Ministério da Agricultura e a Receita Federal.

Setor produtivo será protegido

Lewandowski reforçou que o setor de bebidas é relevante para a economia brasileira e que a atuação do governo buscará punir os responsáveis pelas fraudes, sem prejudicar empresas e comerciantes que atuam legalmente.

“Precisamos separar o joio do trigo. Vamos atacar aqueles comerciantes que estão adulterando as bebidas de forma intencional e preservar os que estão dentro da legalidade”, destacou.

O comitê criado será informal e funcionará como canal de comunicação direta entre o governo e o setor privado, para troca de informações e alinhamento de medidas emergenciais.

Estabelecimentos notificados e operação em andamento

De acordo com o secretário nacional do Consumidor, Paulo Pereira, até o momento cerca de 30 estabelecimentos e 25 distribuidoras foram identificados e notificados. As empresas devem prestar informações detalhadas sobre a origem das bebidas comercializadas e os fornecedores envolvidos.

“Com os dados obtidos, será possível identificar padrões e descobrir quem são os potenciais criminosos por trás da adulteração”, afirmou o secretário.

Pereira disse ainda que o trabalho agora está concentrado na análise de inteligência, com apoio de associações e distribuidoras para traçar o perfil dos fornecedores e distinguir os legalizados dos ilegais.

Emergência médica grave

A ingestão de metanol representa uma emergência médica grave. A substância é metabolizada no organismo em compostos altamente tóxicos, como formaldeído e ácido fórmico, podendo causar cegueira, falência de órgãos e até a morte.

  • Sintomas mais comuns da intoxicação por metanol:
  • Visão turva ou perda de visão
  • Náuseas e vômitos
  • Dores abdominais
  • Suor excessivo e mal-estar geral

Em caso de suspeita, é essencial buscar atendimento médico imediato e notificar os órgãos competentes. Também é recomendado alertar outras pessoas que possam ter consumido a mesma bebida.

Canais de emergência:

Disque-Intoxicação Anvisa: 0800 722 6001

CIATox- AM: (92) 3305-4702 / (92) 3305-4732 –

Dados atualizados de casos no Brasil

Segundo boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, até 5 de outubro de 2025 foram registradas 225 notificações de intoxicação por metanol após ingestão de bebida alcoólica, entre investigados e confirmados. Desses, 16 casos foram confirmados e 209 permanecem em investigação.
Serviços e Informações do Brasil

Do total dessas notificações, já são 15 registros de óbito, com 2 mortes confirmadas no estado de São Paulo e 13 casos em investigação.

Com informações da Agência Brasil

Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus

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