COP 30 é palco ideal para resolver financiamento climático, diz economista

José Alexandre Scheinkman defende que multilateralismo é caminho para viabilizar fundos climáticos como TFFF e Ecoinvest — propostas serão levadas à COP30 como exemplos amazônicos de ação sustentável

Na prévia oficial da COP 30, em Brasília, o economista José Alexandre Scheinkman, da Universidade de Columbia e membro do conselho consultivo financeiro da presidência da conferência, reforçou que o multilateralismo, via COP, é o fórum por excelência para encarar o desafio do financiamento climático nos países em desenvolvimento.

“A COP é o caminho. É um ótimo lugar para ter ideias, criar e propor soluções”, afirmou Scheinkman durante coletiva no dia 14/10. Ele alerta que discutir valores fixos, como os US$ 1,3 trilhão frequentemente citados, exige antes definir etapas e critérios justos.

Para o economista, a lógica deve partir de um diagnóstico: primeiro definir a meta, como alcançar neutralidade de carbono (net zero), em seguida pensar projetos de baixo custo e depois calcular financeiramente as ações necessárias. Esse modelo pretende evitar que números grandiosos sejam desencontrados da realidade dos países emergentes.

Scheinkman e outros especialistas ligados ao apoio técnico da presidiência da COP30 propõem iniciativas concretas para operacionalizar o financiamento climático:

  • Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF)
  • Ecoinvest, um fundo global para injetar capital em transformações ecológicas
  • Coalizão aberta para mercado global de carbono
  • Realocação de subsídios dos combustíveis fósseis para energias renováveis

Essas ferramentas ainda não foram formalmente adotadas sob o Acordo de Paris, mas carregam potencial para gerar impacto significativo se integradas com adesão ampla internacional. Como Scheinkman frisou, a métrica importa menos “onde” as emissões foram cortadas do que o montante total eliminado.

Ele cita a União Europeia como inspiração: ao definir metas de emissões e distribuir cotas de redução que favorecem países em desenvolvimento, cria-se transferência justa com eficiência.

Ainda assim, ele reconhece obstáculos, desde interesses nacionais até a falta de padrão confiável para contabilização de créditos de carbono em áreas restauradas.

Para superar isso, seria necessário criar uma instância global independente de medição e verificação.

Scheinkman aponta que países com extensas florestas, como os da Amazônia, e regiões em processo de restauração, poderiam gerar créditos de carbono com investimento menor, tornando-se atraentes no mercado climático. Ele observa, por exemplo, que em países onde ainda se cozinha com lenha, a mitigação é barata e urgente, mas falta financiamento e estrutura para isso.

“Nosso papel é gerar ideias; a viabilidade ficará para os negociadores. No fundo, é produzir inovação — não milagres”, concluiu.

Com a COP 30 se aproximando, essas propostas devem entrar em pauta entre Estados, investidores e ONGs, servindo como modelo amazônico de ação sustentável e financiamento climático viável.

Com informações da Agência Brasil.

Por Tatiana Sobreira, da redação da Jovem Pan News.

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