Chonthirat Sakulkoo, de 65 anos, despertou dentro de um caixão em um templo budista na província de Nonthabur, Tailândia, no domingo (23). A idosa estava acamada há dois anos em Phitsanulok e havia sido declarada morta após dois dias sem respirar.
O irmão transportou Chonthirat em um caixão por 500 quilômetros até um hospital em Bangkok, onde a doação de órgãos foi recusada por falta de certidão de óbito. Em seguida, tentou levá-la a um templo que oferece cremação gratuita, mas também foi impedido pelo mesmo motivo.
Enquanto funcionários do templo explicavam à família como obter a certidão de óbito, ouviram batidas vindas do caixão. Ao levantar a tampa, perceberam que a mulher movia levemente braços e cabeça. Ela foi socorrida imediatamente e levada a um hospital, com as despesas custeadas pelo abade do templo.
Envelhecimento da população e riscos do care killing
O caso também chama atenção para o fenômeno conhecido como care killing, em que cuidadores, geralmente familiares sobrecarregados, tiram a vida de idosos sob seus cuidados, muitas vezes seguido de suicídio.
O envelhecimento acelerado da população em países Asiáticos cria desafios inéditos para famílias e sistemas de saúde, aumentando a pressão sobre cuidadores e serviços públicos.
No Japão, por exemplo, atualmente quase um terço da população tem mais de 65 anos, o que pode levar a situações extremas e trágicas dentro de residências.
O fenômeno do care killing não se limita a Ásia. Com o envelhecimento populacional crescente em diversas regiões do mundo, famílias enfrentam pressão física, emocional e financeira para cuidar de idosos. A sobrecarga pode resultar em situações extremas, reforçando a necessidade de políticas públicas, redes de apoio e serviços de cuidado acessíveis para prevenir tragédias dentro dos lares.
Saiba mais:
Estudos recentes indicam que o abuso de idosos continua sendo um problema grave no planeta. Segundo uma revisão sistemática e meta-análise publicada na BMC Public Health, a prevalência de abuso contra idosos na Ásia chega a 36%, significativamente acima da média global, destacando formas como negligência emocional, psicológica e financeira. Em países específicos, como a China, dados apontam que até 36,2% de idosos rurais já relataram algum tipo de maltrato. Um estudo transversal no Irã também mostrou que 75,4% dos entrevistados relatam ter passado por pelo menos uma forma de abuso em casa, sendo a negligência emocional (47,2%) e o abuso psicológico (40,8%) os mais comuns.
Fontes: BMC Public Health — “Elder abuse without borders” meta-análise, PMC / NCBI — “Prevalence of elder abuse … in China during a pandemia”, NCBI Bookshelf — relatório “Elder Abuse in Asia — An Overview”, Portal Terra/ Correio da Manhã
Por Ismael Oliveira – Redação Jovem Pan News Manaus





