Quando me debrucei sobre a leitura dos últimos dados divulgados pelo IPS Brasil 2025, minha atenção se voltou, mais uma vez (e sem surpresas) para a realidade vivenciada por todos nós que moramos no Norte do Brasil.
Uma região, imaginem vocês, a maior do país, que conecta pessoas que aqui residem de forma semelhante. Uma nação amazônida marcada por desafios seculares, que não diminuíram nem desapareceram com o avanço das facilidades, mesmo em pleno século XXI, independentemente de todos os progressos civilizatórios. Quando, na verdade, podemos e devemos nos comparar a tantos outros territórios que partiram de realidades e condições de vida semelhantes às nossas e que hoje conseguiram vencer, sem pretensão alguma, ao promover o bem-estar social e econômico da própria população.
O Índice de Progresso Social (IPS Brasil 2025), avaliou as condições sociais e ambientais dos 5.570 municípios brasileiros a partir de 57 indicadores públicos, que mensuram desde necessidades humanas básicas até oportunidades e inclusão social, em uma escala de 0 a 100, revelando mais uma vez as disparidades regionais no país.
Na pesquisa, quando cita a Região Norte, afunilando mais ainda para citar o estado do Amazonas, precisamente em Manaus, a nossa capital permanece entre as áreas com menores indicadores gerais de qualidade de vida.
A cidade registra pontuações abaixo da média nacional e que representam desafios em serviços essenciais, oportunidades em todas as vertentes e bem-estar. Mesmo com baixos índices de queimadas em 2025, com projeções bem menores registratados nos últimos três anos, foi apresentado que, Manaus (em especial) aparece entre as capitais com desempenho socioambiental mais baixo, sinalizando ações imediatas, uma certa urgência em políticas públicas mais eficazes para a população local.
Ou seja, no contexto do Estado do Amazonas, os resultados regionais estão abaixo da média nacional de 61,96, com o estado figurando na 19ª posição entre os 27 estados avaliados, refletindo desafios persistentes em áreas como acesso à água potável, saneamento e oportunidades socioeconômicas em muitas localidades da região.
Municípios amazônicos com maior distância de centros urbanos e baixa densidade populacional tendem a apresentar desempenhos mais fracos, destacando desigualdades estruturais na qualidade de vida e acesso a serviços básicos no interior do estado, conforme a classificação do IPS Brasil 2025.
Segundo o IPS Brasil 2025 dos 62 municípios do Amazonas avaliados, a partir de 57 indicadores sociais e ambientais, organizados nas dimensões: Necessidades Humanas Básicas, Fundamentos do Bem-Estar e Oportunidades, apresentou que:
- Manaus, lidera o ranking com 63,19 pontos e figura entre as três melhores cidades da Região Norte.
- Urucurituba também se sobressai, sendo a única cidade do interior a superar a marca de 60 pontos, impulsionada pelo componente Nutrição e Cuidados Médicos Básicos.
- Na outra ponta, Apuí registrou o menor desempenho do estado, com 45,35 pontos, refletindo fragilidades no componente Direitos Individuais. Pauini também apresenta resultado crítico, sendo a única além de Apuí a ficar abaixo de 46 pontos.
- A média geral do Amazonas foi de 57,91, abaixo da média nacional (61,96).
Na comparação entre estados da Região Norte, Tocantins lidera o ranking regional, com melhor desempenho no IPS Brasil 2025, seguido pelo Amazonas. Mesmo assim, os índices do Amazonas (cerca de 57,91 pontos) ficam aquém de muitos estados do Sul e Sudeste, evidenciando lacunas importantes em serviços públicos e indicadores socioambientais que impactam diretamente a qualidade de vida da população. Mas afirmo categoricamente, que há uma consciência de que se precisa ter resultados e implementações. Para avançar precisa-se ter um concenso de atores fundamentais. A Amazônia ainda é uma terra de oportunidades, da Zona Verde do Planeta. A agenda das grandes soluções e velocidades nas ações desses atores público/privado e povos se fazem urgentes. É a hora da “mão na massa”.
Desafios e caminhos para 2026 na Região Norte, apontados pelo IPS Brasil
Os resultados do IPS Brasil 2025 evidenciam a necessidade de políticas públicas voltadas à redução das desigualdades, à ampliação do acesso a serviços essenciais e ao fortalecimento da governança socioambiental na Região Norte. Para o Amazonas e Manaus, isso implica intensificar investimentos em saúde, educação, segurança e meio ambiente, priorizando soluções integradas que promovam bem-estar sustentável e inclusão social. Nesse contexto, a construção de programas sociais e de ações prioritárias deve considerar consultas populares e escutas territoriais, envolvendo diferentes atores, da academia às comunidades urbanas e ribeirinhas, para orientar intervenções mais efetivas. Trata-se de transformar diagnósticos em ações concretas, com medidas imediatas e estruturantes, capazes de responder às demandas históricas da população e promover mudanças reais no Amazonas.
Visão Geral do IPS Brasil 2025
O IPS Brasil é uma ferramenta de medição do progresso social que vai além do crescimento econômico, focando em saúde, educação, moradia, segurança, inclusão e sustentabilidade ambiental. Os resultados divulgados em 2025 mostram que, embora alguns estados tenham avanços, permanecem desigualdades claras entre regiões e dentro das unidades da federação.
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Com informações dos dados do IPS Brasil 2025*
Por Tatiana Sobreira, Coluna Soul do Norte, na Jovem Pan News Manaus
