O Brasil registrou um crescimento expressivo nas gestações após os 40 anos nas últimas décadas, impulsionado por mudanças sociais, profissionais e avanços da medicina, cenário que demanda atenção especial no planejamento reprodutivo e no acompanhamento pré-natal.
Entre 2010 e 2022, o número de brasileiras que se tornaram mães após os 40 anos aumentou cerca de 60%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa evidencia uma tendência nacional associada à maior participação feminina no mercado de trabalho, à busca por estabilidade profissional, à formação tardia de relacionamentos e ao aumento da expectativa de vida.
De acordo com o ginecologista e obstetra Leonardo Gobira, esse cenário está diretamente ligado ao contexto atual da mulher brasileira, que acumula múltiplas funções e, muitas vezes, adia a maternidade para fases mais maduras da vida. O avanço das técnicas de reprodução assistida também contribui para essa mudança no perfil reprodutivo do país.
Apesar do crescimento dos casos, o especialista alerta que a gestação após os 40 anos exige acompanhamento diferenciado. A fertilidade feminina diminui progressivamente com a idade, tornando a gravidez natural mais rara a partir dos 45 anos, em função da redução da reserva ovariana.
Além disso, a idade materna é considerada um fator independente de risco. Entre as possíveis intercorrências estão hipertensão gestacional, diabetes gestacional, abortamento espontâneo, placenta prévia e maior probabilidade de parto cesariano. Para o bebê, há aumento do risco de prematuridade, baixo peso ao nascer, restrição de crescimento e alterações cromossômicas, como a síndrome de Down.
Segundo Gobira, risco não significa impossibilidade, mas necessidade de cuidado ampliado. Por isso, o pré-natal após os 40 anos costuma ser mais detalhado, com monitoramento rigoroso da pressão arterial, glicemia, crescimento fetal e sinais de pré-eclâmpsia.
Exames como o teste de DNA fetal (NIPT), ultrassonografias morfológicas do primeiro e segundo trimestres, doppler obstétrico e avaliação da reserva ovariana fazem parte da rotina recomendada. Em alguns casos, técnicas de reprodução assistida são indicadas, especialmente quando há baixa reserva ovariana, endometriose avançada, obstrução tubária ou fatores de infertilidade masculina. Para mulheres acima dos 43 ou 44 anos, a ovodoação pode ser necessária.
O especialista também destaca que hábitos saudáveis contribuem para uma gestação mais segura, embora não alterem a idade dos óvulos. Alimentação equilibrada, prática de atividade física, controle do estresse e sono adequado ajudam a reduzir riscos e melhorar as condições gerais da gestação.
Por fim, Gobira ressalta a importância de combater mitos sobre a maternidade tardia, como a ideia de que engravidar após os 40 é impossível ou que toda gestação nessa faixa etária apresenta complicações. Segundo ele, a informação correta e o acompanhamento personalizado são fundamentais para mulheres que desejam engravidar nessa fase da vida.
Com informações da Assessoria.
Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.






