A Física e as Engenharias como Caminhos para o Futuro da Amazônia: trajetória de Izabel mostra como o conhecimento liberta e impulsiona o desenvolvimento regional

Educação científica, inovação e protagonismo feminino avançam no Amazonas; carreira da física amazonense Izabel Souza reforça a importância das áreas de exatas para transformar potencialidades da região
Isabel Souza em entrevista à Jovem Pan News Manaus, destacando sua trajetória e incentivo à ciência - Foto: Haliandro Furtado / Jovem Pan News Manaus
A formação em Física e Engenharias tem sido apontada por especialistas como uma das rotas mais estratégicas para impulsionar o desenvolvimento sustentável da Amazônia. Em uma região marcada pela biodiversidade, desafios logísticos e enorme potencial tecnológico, investir em ciência, inovação e carreiras em exatas pode abrir caminhos para soluções que conciliem preservação ambiental, geração de renda e fortalecimento econômico.
Nesse cenário, histórias como a da amazonense Izabel Cristina Souza Dinóla, física, pesquisadora e diretora acadêmica da Faculdade Fucapi, demonstram como a educação científica pode transformar vidas e expandir fronteiras, tanto individuais quanto coletivas.
Mulheres na ciência crescem no Amazonas, mas desafios persistem
O avanço da participação feminina na ciência vem ganhando destaque no estado. Segundo dados recentes da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM):
  • O número de pesquisadoras beneficiadas por editais da instituição chegou a 10.595 mulheres entre 2018 e 2024.
  • Projetos coordenados por mulheres cresceram quase 40% no período: eram 1.244 e passaram para 1.716.
  • Pela primeira vez na história do estado, as mulheres com título de doutorado superam os homens.
  • No mestrado, elas representam 60,7% dos titulados.
Apesar desses avanços, a desigualdade ainda é uma realidade, em sua maioria  mulheres ganham, em média, 20,5% a menos que homens no Amazonas, segundo o 2º Relatório de Transparência Salarial. No Polo Industrial de Manaus (motor da economia regional)elas ocupam apenas 27,44% da força de trabalho. Mesmo sendo 50,1% da população do estado, sua presença em setores de engenharia, tecnologia e liderança científica ainda é minorizada.
É nesse contexto que trajetórias como a de Izabel ganham ainda mais relevância.
Da paixão pela Física ao pós-doutorado internacional
Nascida no bairro Coroado, em Manaus, Izabel relembra que a descoberta da Física surgiu no ensino médio, quando um professor exigente despertou nela e em seus colegas a vontade de estudar mais profundamente a ciência.
“Esse contato intenso com a Física despertou em mim e em muitos colegas uma verdadeira paixão. Foi um período que marcou minha vida”, recorda.
Graduou-se na Universidade do Amazonas, concluiu mestrado e doutorado no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e realizou pós-doutorado na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, uma das instituições mais renomadas do mundo.
A experiência internacional ampliou sua visão sobre pesquisa, inovação e metodologia científica.
Representatividade feminina que inspira novas gerações
Durante o doutorado, Izabel foi orientada por uma das principais físicas brasileiras, Elisa Saitovic, referência nacional e internacional. Ter uma mentora mulher fez diferença em seu percurso.
“Ter uma mulher como mentora me mostrou que a ciência também é feita por mulheres e que é possível alcançar posições de destaque mesmo em áreas historicamente dominadas por homens”, destacou.
Essa representatividade se conecta diretamente ao movimento crescente de meninas e jovens mulheres que buscam ingressar na ciência no Amazonas.
Compromisso com o Amazonas e impacto social
Desde 2013, Izabel atua na Fucapi: foi professora, coordenadora de projetos e hoje é diretora acadêmica da instituição. Ela optou por permanecer em Manaus para contribuir com a formação de novos profissionais da região.
“Escolhi ficar no Amazonas porque queria estar perto da minha família e contribuir diretamente com a educação da nossa região.”
Além disso, integra o Núcleo de Produtos Naturais e Tecnologias Industriais do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), onde desenvolve pesquisas aplicadas à bioeconomia, inovação e desenvolvimento sustentável, áreas essenciais para o futuro da região.
Educação, ciência e juventude: pilares para transformar a região
Para Izabel, estimular o pensamento crítico, a curiosidade e o acesso à experimentação científica desde cedo é fundamental para que jovens amazônidas consigam desenvolver soluções inovadoras para a região. “É fundamental que os jovens tenham acesso a oportunidades de aprendizado e pesquisa. A educação transforma vidas”, reforça.
A física amazonense defende que o fortalecimento das conexões entre universidades, centros de pesquisa, setor produtivo e comunidade é um passo essencial para transformar potencialidades em oportunidades reais.
A trajetória de Izabel Souza não é apenas uma história individual de sucesso acadêmico: é um símbolo do potencial que a ciência e a educação têm para transformar o Amazonas. E, ao mesmo tempo, evidencia a urgência de fortalecer políticas públicas que incentivem a participação feminina nas áreas de exatas e ampliem o acesso dos jovens amazonenses ao ensino científico de qualidade.
“Num estado com tanta riqueza natural e tantos desafios estruturais, investir em Física, Engenharias e tecnologia não é apenas uma escolha, é uma estratégia de futuro”, destaca Izabel
Por Haliandro Furtado, da redação da Jovem Pan News Manaus