Amazonas é o segundo estado com maior número de áreas de risco na Amazônia Legal

Levantamento do Atlas de Risco da Amazônia aponta que 792 setores do Amazonas estão em situação de risco alto ou muito alto, concentrando quase um terço das áreas mais vulneráveis da região. O estudo identifica vulnerabilidades sociais e ambientais que aumentam o risco de desastres naturais.

O Amazonas é o segundo estado da Amazônia Legal com mais áreas de risco alto e muito alto, com 792 setores mapeados, representando 29,4% do total da região, segundo o Atlas de Risco da Amazônia, do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Apenas o Pará apresenta números maiores, com 1.113 áreas em situação crítica (41,3%). Juntos, os dois estados concentram quase três quartos das regiões mais vulneráveis do território amazônico.

O estudo analisou 2.693 setores em 354 municípios da Amazônia Legal e identificou que 61% apresentam risco alto e 39% risco muito alto. No Amazonas, 57 dos 62 municípios possuem ao menos uma área classificada como vulnerável. Entre os principais fatores estão a ocupação irregular de margens de rios e igarapés, a falta de drenagem urbana e o avanço do desmatamento em áreas rurais.

“O risco de desastres na região amazônica não decorre apenas de eventos naturais ligados a processos geológicos e hidrológicos. Ele é fortemente influenciado pelas condições de vulnerabilidade da população e pelas atividades sociais e econômicas, que podem aumentar os impactos ou reduzir a capacidade de enfrentamento”, alerta o Atlas.

População em risco

Na Amazônia Legal, cerca de 1,47 milhão de pessoas vivem em áreas de risco, equivalente a 5,2% da população da região. Pará e Amazonas concentram aproximadamente 567 mil desses habitantes. Proporcionalmente, Acre (10,2%) e Amapá (5,76%) possuem as maiores parcelas de população vulnerável, seguidos por Amazonas (5,10%) e Pará (4,6%).

Foco urbano em Manaus

Manaus concentra cerca de 112 mil moradores em áreas de risco alto ou muito alto, tornando-se uma das capitais mais vulneráveis da Amazônia Legal, atrás apenas de Belém (172,8 mil) e à frente de Rio Branco (26,7 mil). As zonas críticas se concentram em margens de igarapés e áreas de expansão urbana, onde a população é densa e a infraestrutura deficiente.

O levantamento aponta que deslizamentos planares e alagamentos são recorrentes na capital amazonense, refletindo falhas no sistema de drenagem. O fenômeno das “terras caídas” é mais evidente também em Maraã (AM), Rio Branco (AC), Prainha (PA), Óbidos (PA) e Porto Velho (RO).

Desigualdade regional

Entre os nove estados da Amazônia Legal, os riscos se distribuem de forma desigual. O Pará concentra 41,3% das áreas de risco alto e muito alto, seguido pelo Amazonas (29,4%), Maranhão e Mato Grosso. Tocantins possui apenas nove áreas mapeadas.

“A magnitude dos impactos é potencializada por vulnerabilidades sociais e urbanísticas, como ocupação desordenada de planícies de inundação e encostas, aterros inadequados e sistemas de drenagem insuficientes, em um contexto de monitoramento hidrometeorológico limitado”, conclui o estudo.

Com informações da Assessoria.

Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.