A menos de dois meses de completar sete anos do rompimento da barragem de rejeitos da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG), um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) aponta que 70% dos domicílios registram algum tipo de adoecimento físico ou mental relacionado à tragédia.
O rompimento, ocorrido em janeiro de 2019, provocou 272 mortes, deixou desaparecidos e gerou impactos ambientais e sociais em toda a região. A barragem era de responsabilidade da Vale.
O levantamento, realizado por pesquisadores do Projeto Brumadinho, mostra que sintomas como estresse, insônia, ansiedade, hipertensão e episódios depressivos permanecem frequentes.
Entre os adultos, 52% passaram por tratamento psicológico ou psiquiátrico desde o desastre. O estudo também indica aumento da demanda por acompanhamento especializado e agravamento de doenças crônicas.
A pesquisa aponta ainda que 76% dos domicílios relatam dificuldades para acessar consultas, exames e tratamentos. Segundo os pesquisadores, a rede pública continua pressionada pelo volume de atendimentos e por mudanças na mobilidade após o rompimento.
Contaminação e risco sanitário
A insegurança relacionada à contaminação permanece. De acordo com o estudo, 77% das famílias afirmam viver com receio de contaminação dos alimentos. A Avabrum, associação que representa familiares de vítimas e atingidos, relata casos de desenvolvimento de doenças diversas nos anos seguintes ao rompimento.
A presença de metais pesados — como manganês, arsênio, chumbo, mercúrio e cádmio — foi identificada em diferentes matrizes ambientais. A água continua sendo o principal vetor de risco: 85% dos domicílios relataram impactos no uso da água potável, e 75% afirmam que o fornecimento e a qualidade seguem comprometidos.
O conceito de “lama invisível”, que traduz a desconfiança sobre produtos e alimentos originados no território, permanece no cotidiano das comunidades afetadas. Representantes da Avabrum afirmam que a instabilidade segue presente nas rotinas das famílias.
Perdas econômicas
O estudo também avalia os efeitos sobre a economia local. Segundo o professor Ricardo Machado Ruiz, Brumadinho teria uma perda estimada entre R$ 7 bilhões e R$ 9 bilhões em Produto Interno Bruto (PIB) no longo prazo caso não houvesse o acordo de reparação firmado em 2021. Com a aplicação dos recursos, o prejuízo calculado cai para um intervalo entre R$ 4,2 bilhões e R$ 5,4 bilhões.
De acordo com Ruiz, a mineração tinha papel central na economia municipal antes do rompimento. Após a tragédia, a estrutura produtiva passou a depender das ações de reparação, que absorveram mão de obra e reduziram impactos imediatos, mas geraram retração de pequenos negócios e atividades informais. A avaliação do pesquisador é que o futuro econômico do município depende de diversificação produtiva.
Com informações da Agência Brasil*
Por Haliandro Furtado — Redação da Jovem Pan News Manaus






