Câncer infantojuvenil no Norte: diagnóstico tardio ainda compromete chances de cura

No Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantojuvenil, especialistas alertam para sinais que não podem ser ignorados. Diagnósticos tardios ainda são um desafio na região Norte.

O câncer infantojuvenil representa apenas 1% a 3% de todos os tumores malignos, mas é a principal causa de morte por doença entre crianças e adolescentes no Brasil. No Norte, cerca de 650 novos casos são registrados anualmente, e o diagnóstico tardio continua sendo um dos maiores desafios para salvar vidas.

Para o oncologista Dr. Peter Silva, da Oncológica do Brasil, o maior obstáculo não é a raridade da doença, mas a dificuldade em identificar sintomas iniciais, muitas vezes confundidos com problemas comuns da infância.

“Febre, cansaço, palidez e dores nas pernas podem parecer normais, mas, em alguns casos, são sinais de câncer. Muitas famílias demoram a suspeitar, e quando o diagnóstico chega tarde, perdemos oportunidades valiosas de cura”, alerta o especialista.

Câncer infantil x câncer adulto

Ao contrário do câncer em adultos, geralmente ligado a fatores de risco como tabagismo, álcool ou exposição ambiental, nos jovens ele costuma surgir por alterações genéticas espontâneas ou síndromes hereditárias. Embora mais agressivo, o câncer infantojuvenil responde melhor ao tratamento, desde que iniciado rapidamente.

“Criança não é adulto pequeno. Tumores infantis crescem rápido e exigem atendimento imediato em centros especializados. No Norte, o acesso ainda é limitado, o que impacta diretamente a chance de cura”, explica Dr. Silva.

Tipos mais comuns

Segundo os Registros Hospitalares de Câncer (RHC/INCA), os tumores mais frequentes entre crianças e adolescentes são:

  • Leucemias, especialmente Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA);

  • Tumores do Sistema Nervoso Central;

  • Linfomas;

  • Tumores sólidos, como neuroblastoma e tumor de Wilms (rim).

Sinais de alerta

Pais e responsáveis devem investigar sintomas persistentes, especialmente se durarem dias ou semanas:

  • Febre prolongada sem causa definida;

  • Palidez, hematomas ou sangramentos frequentes;

  • Dor óssea ou articular persistente;

  • Aumento de gânglios rígidos e indolores;

  • Dor de cabeça intensa com vômitos;

  • Perda de peso ou falta de crescimento;

  • Cansaço extremo.

Tratamento e desafios no Norte

O tratamento pode incluir quimioterapia, cirurgia, radioterapia, transplante de medula e terapias modernas. No entanto, o acesso ainda é desigual na região Norte. Mais da metade das crianças inicia quimioterapia, mas muitas precisam se deslocar para outras capitais, atrasando o início do tratamento.

“A ciência avançou e temos terapias modernas. O problema não é a falta de tratamento, mas a necessidade de chegar até ele no tempo certo”, afirma Dr. Silva.