O fortalecimento da economia da floresta e a valorização de práticas tradicionais de cultivo estão ganhando novos capítulos no Amazonas. Apesar de o estado ainda importar cerca de 90% dos alimentos que consome, iniciativas locais vêm impulsionando a produção rural, com foco em sustentabilidade, autonomia e protagonismo feminino.
Entre elas está o projeto Cesta Ajuri, coordenado pelo Instituto Terracuno, em parceria com o Instituto Amazônia Socioambiental, que concluiu a formação de 50 mulheres agricultoras com treinamento em agroecologia, comercialização e gastronomia sustentável.
Durante entrevista ao programa Minuto a Minuto da Jovem Pan News 98,7 FM, Daniela Grijó, uma das coordenadoras da iniciativa, celebrou os resultados já alcançados e destacou que o projeto resgata a identidade alimentar e os conhecimentos ancestrais da região.
As mulheres não são apenas cuidadoras da casa. Elas têm capacidade para produzir, empreender e liderar sua própria história. O Cesta Ajuri veio para fortalecer essa autonomia”, afirmou Daniela.
Resgate de saberes e alimentos esquecidos
O Instituto Tera Kuno trabalha com PANCs — Plantas Alimentícias Não Convencionais, oferecendo oficinas, degustações e vivências que aproximam a população urbana dos sabores tradicionais amazônicos. Entre os exemplos citados por Daniela estão taioba, vinagreira, espinafre amazônico, além da urtiga e da crista-de-galo, utilizadas em receitas criativas e nutritivas.
Essas plantas já faziam parte da alimentação dos nossos antepassados. Resgatá-las significa honrar a cultura e fortalecer a soberania alimentar”, explicou.
Protagonismo feminino no campo
A primeira turma do projeto contou com agricultoras de diferentes comunidades rurais da capital. O curso promoveu:
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Formação técnica em agroecologia
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Gestão e venda de alimentos sustentáveis
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Gastronomia com ingredientes amazônicos
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Incentivo ao empreendedorismo feminino
Embora voltado para mulheres, muitos homens das comunidades acompanham as capacitações e atuam como apoio operacional.
Geração de renda e oportunidades
Além de transformar a produção local, o projeto ajuda a incentivar novos negócios, diversificar a renda familiar e conectar campo e cidade com produtos frescos diretamente das áreas produtivas.
Para o futuro, a meta do Instituto é expandir o número de famílias atendidas e ampliar o acesso aos alimentos sustentáveis para consumidores de Manaus e demais regiões do estado.
Onde conhecer o projeto
O Centro de Treinamento Agroflorestal (CTA) está localizado na estrada Adolfo Duque, próximo ao ramal do Brasileirinho, zona Leste de Manaus, com agenda de vivências e atividades práticas nos fins de semana.
Queremos que a população conheça a riqueza da nossa floresta e o potencial produtivo das comunidades. É alimento com história, identidade e saúde”, reforçou.
Por Karoline Marques, da redação da Jovem Pan News Manaus



