Durante a entrevista, Fernandes destacou o aumento expressivo de recursos previstos para o período até 2035, que agora chegam a 1,3 trilhão de dólares, mais que o triplo do valor anteriormente planejado. Segundo ele, esse volume de investimentos representa uma oportunidade inédita para o fortalecimento de iniciativas locais e a valorização das comunidades que vivem na região amazônica.
“O que saiu dessa nova versão do documento traz pontos importantes. Entre eles, as questões que envolvem diretamente as comunidades locais, que agora passam a ter um volume muito maior de recursos previsto até 2035. Oficialmente, o valor mais que triplicou em relação ao que estava planejado anteriormente”, afirmou Fernandes.
O especialista explicou que a maior parte desses recursos deve vir do setor privado, que assumirá um papel central na execução das ações previstas. Entre as áreas de atuação estão mitigação, adaptação, transição energética, preservação de florestas nativas e outros seis pontos estratégicos, todos estruturados para promover desenvolvimento sustentável e justiça ambiental.
Fernandes reforçou a importância de compreender a complexidade da preservação das florestas nativas, citando o trabalho do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), que coordena análises globais sobre mudanças climáticas e confirma que a atividade humana influencia diretamente o clima mundial.
“A mudança climática é um tema construído ao longo de décadas por especialistas que trabalham com modelos climáticos. Pesquisadores em climatologia do mundo inteiro reuniram dados, cruzaram informações globais e construíram grandes modelos que simulam o comportamento do clima no planeta. Esse entendimento hoje é consenso científico e orienta todas as políticas de mitigação, adaptação e proteção ambiental incluindo ações voltadas à conservação das florestas nativas”, explicou.
Um dos pontos mais destacados por Fernandes foi a valorização das decisões locais e das comunidades da Amazônia. Segundo ele, a nova versão do documento finalmente dialoga com a realidade do país, empoderando populações locais e abrindo caminho para novas matrizes econômicas, como a economia baseada em carbono.
“Agora nós temos, de fato, um direcionamento mais claro para modelos econômicos que partem do Brasil e da realidade amazônica. Um desses caminhos é a economia baseada em carbono, que passa a ganhar forma e estrutura a partir dessas decisões”, disse.
Além disso, Fernandes compartilhou ações concretas do Instituto Amazônia Livre, como o curso oferecido ao IMET sobre serviços ambientais e mercado de carbono, voltado para capacitar equipes e fortalecer a regulamentação nacional do setor.
“Realizamos o primeiro curso do IMET voltado especificamente para serviços ambientais e mercado de carbono. Foi um passo importante para qualificar equipes e apoiar a construção de uma estrutura regulatória mais sólida no país”, afirmou.
A participação de Fernandes no programa De Olho na Cidade reforça a importância do diálogo entre ciência, políticas públicas e comunidades locais na construção de soluções sustentáveis e na ampliação do acesso a recursos voltados à proteção ambiental e à justiça climática.
Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.






