A televisão aberta brasileira se prepara para dar um salto histórico rumo ao futuro. Com a chegada da TV 3.0, o país entra em uma nova era de interatividade, qualidade 4K e personalização de conteúdo, aproximando a experiência da TV gratuita à realidade das grandes plataformas de streaming — mas sem assinatura, mensalidade ou barreiras de acesso.
Em entrevista exclusiva ao portal Jovem Pan News Manaus, o superintendente de Outorga e Recursos à Prestação da Anatel, Vinicius Caram, afirmou que a mudança será profunda e promete revolucionar a forma como o brasileiro consome televisão.
“A TV aberta vai competir com o streaming, e de graça. A população brasileira, que já tem mais de 95% dos domicílios com acesso à TV, vai poder assistir conteúdos personalizados, com imagem em 4K e até 8K, e interagir com as emissoras em tempo real”, afirmou Caram.
Segundo o superintendente, a TV 3.0 — também chamada de DTV+ ou TV do futuro — permitirá que o sistema de radiodifusão reconheça o perfil do usuário e ofereça conteúdos de acordo com suas preferências.
“Se você gosta de jornalismo, o sistema vai priorizar notícias do seu interesse. Se gosta de esportes, vai receber informações e anúncios direcionados. Tudo isso mantendo a gratuidade da TV aberta”, explicou.
Conectividade e inclusão digital
Um dos desafios para que a TV 3.0 chegue a todas as regiões do país é a infraestrutura de internet, especialmente na Região Norte. Caram destacou que o avanço da conectividade é prioridade e citou o projeto Norte Conectado, que está levando 13 mil quilômetros de fibra óptica pelo leito dos rios da Amazônia, interligando comunidades e ampliando o acesso digital.
“Mesmo sem internet, a TV 3.0 já vai oferecer melhorias em áudio e imagem. Mas, para os recursos interativos, dependemos da conectividade. E o Norte Conectado está justamente garantindo essa inclusão digital para que todos possam aproveitar o potencial dessa nova tecnologia”, disse.
Além de melhorar a qualidade da imagem e do som, a TV 3.0 vai permitir vários canais de áudio para transmissões esportivas, por exemplo — o telespectador poderá escolher entre ouvir a narração do estádio, os comentários ou até o som ambiente da torcida.
Transição gradual e kits gratuitos
Caram explicou que não será necessário trocar de televisão imediatamente. O sinal atual continuará sendo transmitido por tempo indeterminado, e os telespectadores poderão adquirir receptores compatíveis para acessar os novos recursos.
“O governo federal vai distribuir kits gratuitos para famílias de baixa renda inscritas em programas sociais, garantindo que ninguém fique de fora dessa transformação. A TV 3.0 é para todos, não apenas para quem tem poder aquisitivo”, reforçou.
Testes e expectativa para 2026
A Anatel já realiza testes experimentais em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. A expectativa é que até a Copa do Mundo de 2026 algumas capitais brasileiras já estejam transmitindo oficialmente no novo formato.
O superintendente destacou ainda que a mudança está sendo amplamente discutida com o Ministério das Comunicações, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e entidades do setor, como a Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET) e o Fórum de TV Digital do Brasil.
“O Brasil sempre foi referência em radiodifusão e, mais uma vez, está na vanguarda da inovação. A TV 3.0 é uma conquista para o país, que une tecnologia de ponta, inclusão digital e valorização da televisão gratuita e de qualidade”, concluiu.
Por João Paulo Oliveira, da Redação da Jovem Pan News Manaus