O artigo, intitulado “Mapping the density of giant trees in the Amazon” (“Mapeando a densidade de árvores gigantes na Amazônia”), foi liderado pela Universidade do Estado do Amapá (Ueap) e contou com a colaboração de pesquisadores de instituições nacionais e internacionais.
O principal objetivo da pesquisa foi mapear e modelar a densidade dessas árvores em todo o território amazônico brasileiro. Para isso, os cientistas utilizaram dados de sensoriamento remoto via LiDAR (Light Detection and Ranging), coletados entre 2016 e 2018 em 900 áreas florestais, cada uma com aproximadamente 3,75 km².
Esses dados foram combinados com 16 variáveis ambientais — como clima, relevo, solo, incidência de raios e ventos — para criar um modelo de floresta aleatória (Random Forest), uma técnica de inteligência artificial que permite prever padrões com alta precisão.
Os resultados indicam que a distribuição das árvores gigantes é desigual, com cerca de 14% delas concentradas em apenas 1% da área da Amazônia.
As maiores concentrações foram encontradas em Roraima e no Escudo das Guianas — região que inclui parte do estado do Amapá — onde há alta disponibilidade de água e baixa incidência de ventos fortes e descargas elétricas.
Segundo Robson Lima Borges, pesquisador da Ueap, o estudo reforça a importância das poucas árvores gigantes na concentração de grandes estoques de biomassa e carbono acima do solo, tornando-as essenciais para o equilíbrio ecológico da floresta.
“O artigo representa um avanço importante nas pesquisas sobre as árvores gigantes, especialmente ao mostrar como poucas árvores grandes impactam diretamente os maiores estoques de biomassa e carbono acima do solo”, destacou o pesquisador.
O estado do Amapá teve papel relevante na pesquisa, com a participação da Ueap e do Instituto Federal do Amapá (Ifap). Parte dos voos com sensores LiDAR foi realizada sobre áreas do estado, contribuindo para o detalhamento do mapeamento da vegetação local.
Com ampla cobertura vegetal e baixa taxa de desmatamento, o Amapá se destaca como uma das regiões com maior potencial de conservação da floresta, conforme aponta o artigo.
O estudo também identificou que fatores como temperatura amena, boa luminosidade, solo com alta capacidade de retenção de água e baixa frequência de distúrbios naturais favorecem o crescimento das árvores gigantes. Em contrapartida, eventos extremos — como secas prolongadas, ventanias e descargas elétricas — aumentam a mortalidade dessas espécies.
O artigo completo está disponível na versão original em inglês no site da revista New Phytologist.
Com informações da Assessoria.
Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.