A inauguração da nova roda-gigante da Ponta Negra, na tarde desta quinta-feira (20/11), terminou marcada por forte tensão. Enquanto turistas e moradores acompanhavam o evento da prefeitura de Manaus, um grupo de professores da rede municipal realizou um protesto ruidoso contra o Projeto de Lei Complementar 8/2025, que altera as regras da previdência dos servidores municipais.
Com panelas, cartazes e palavras de ordem, os educadores criticaram o que chamam de “retrocesso histórico” na aposentadoria da categoria. A manifestação avançou sobre a área destinada ao evento e gerou tumulto entre servidores municipais, seguranças e manifestantes.
Por que os professores são contra a proposta
O PLC 8/2025, enviado pelo Executivo e aprovado em primeiro turno na Câmara Municipal de Manaus no dia 5 de novembro, altera de forma ampla o regime previdenciário municipal. Entre os pontos contestados pelos profissionais da educação estão:
Aumento da idade mínima
O texto segue parâmetros semelhantes à reforma nacional (EC 103/2019), fixando a aposentadoria das mulheres em 62 anos e dos homens em 65 anos, mudança considerada inviável pela categoria, que atua em atividades de desgaste físico e emocional.
Ampliação do tempo de contribuição
O projeto eleva o tempo mínimo para se aposentar e também cria regras de transição mais rígidas, como sistema de pontos e pedágio de 100% do tempo restante para completar a aposentadoria.
Redução no cálculo dos benefícios
Com a nova fórmula, o valor inicial da aposentadoria passa a corresponder a 70% da média dos salários, com acréscimo anual de 2% apenas para quem ultrapassar 25 anos de contribuição. Professores afirmam que, na prática, isso gera redução significativa no valor final que receberão.
Aposentadoria compulsória e insegurança financeira
O texto também prevê aposentadoria compulsória aos 75 anos e, segundo os sindicatos, não apresenta dados claros de déficit atuarial que justifiquem a reforma do regime próprio de previdência.
Categoria afirma que não foi ouvida
Representantes dos professores afirmam que o debate foi conduzido _“de forma acelerada”_ e sem diálogo amplo com os servidores. O coordenador jurídico da Asprom-Sindical, Lambert Melo, esteve no ato e disse que o protesto tem caráter de alerta à população. Para ele, _“a proposta retira direitos essenciais de quem trabalha há décadas em sala de aula e penaliza quem está perto de se aposentar”._
Situação atual do projeto
O PLC 8/2025 ainda precisa passar por segunda votação na Câmara Municipal antes de seguir para sanção ou veto do prefeito. Não há data prevista para a nova análise.
Desde o dia 13 de novembro, os professores estão em greve por tempo indeterminado, e uma nova assembleia geral está marcada para a próxima semana, quando a categoria irá definir novos atos e estratégias de mobilização.
Com informações do radar amazônico*
Por Tatiana Sobreira, da redação da Jovem Pan News Manaus






