Chapecó amanheceu mais silenciosa nesta sexta-feira (28). A cidade revive, mais uma vez, o impacto do 28 de novembro de 2016, quando o voo 2933 da LaMia caiu próximo a Medellín, deixando 71 mortos e apenas seis sobreviventes. O acidente aconteceu enquanto jogadores, dirigentes, jornalistas e tripulantes seguiam para a final da Copa Sul-Americana – a partida mais importante da história da Chapecoense – interrompida tragicamente após o avião ficar sem combustível e não completar a rota.
Neste ano, a lembrança ganha um tom adicional. Poucos dias antes do aniversário de nove anos da tragédia, a Chapecoense garantiu o retorno à Série A ao vencer o Atlético Goianiense por 1 x 0 na Arena Condá. A conquista reacendeu o orgulho do clube, que em pouco mais de uma década havia saído da Série D, em 2009, para alcançar a elite do futebol nacional em 2014.
Aquele time de 2016 vivia uma temporada especial. Sob o comando de Caio Júnior, a equipe acumulava campanhas sólidas, eliminava adversários tradicionais no torneio continental e chamava atenção pela competitividade e união do elenco. A viagem para a Colômbia carregava o sentimento de que o clube vivia sua maior oportunidade histórica.
Como foi o acidente
O avião da companhia boliviana LaMia partiu de Santa Cruz de la Sierra com combustível no limite. Investigações posteriores apontaram que a empresa ignorou procedimentos básicos de segurança ao não realizar escala de reabastecimento e ao operar com um plano de voo sem margem técnica. A aeronave perdeu potência durante a aproximação a Medellín após uma falha elétrica causada por pane seca. O piloto chegou a declarar emergência, mas tarde demais. O impacto ocorreu em uma região montanhosa próxima a La Unión, na Colômbia.
A tragédia mobilizou o mundo do esporte. O Atlético Nacional pediu que a Chapecoense fosse declarada campeã da Sul-Americana, enquanto clubes brasileiros se uniram para oferecer apoio imediato, incluindo empréstimos de jogadores.
Onde estão os sobreviventes
Seis pessoas sobreviveram: Jackson Follman, Neto, Alan Ruschel, o jornalista Rafael Henzel e os tripulantes Erwin Tumiri e Ximena Suárez. O zagueiro Neto, último a ser resgatado com vida, tentou retornar ao futebol após longo período de recuperação, mas não conseguiu.
Hoje vive em Chapecó, participa de ações do clube e realiza palestras. O goleiro Jakson Follmann também não voltou aos gramados. Após ter a perna direita amputada, tornou-se cantor, palestrante e embaixador de projetos esportivos e sociais.
Alan Ruschel retomou a carreira profissional e seguiu atuando por clubes brasileiros. Depois de passagens por Goiás, Cruzeiro, América Mineiro e Londrina, defende atualmente o Juventude, na Série A. Em 2025, disputou 25 partidas, embora não tenha marcado gols ou dado assistências.
Entre os tripulantes, sobreviveram a comissária Ximena Suárez e o técnico de voo Erwin Tumiri, que retornaram à Bolívia após o acidente. O jornalista Rafael Henzel voltou às transmissões esportivas e lançou um livro sobre sua experiência, mas morreu em 2019, vítima de um infarto.
Por Victoria Medeiros, da Redação da Jovem Pan News Manaus
Foto: Reprodução / Chapecoense






