Ucrânia negou ter aceitado plano de paz apresentado pelos EUA

Governo ucraniano nega acordo sobre proposta discutida com a gestão de Donald Trump
Presidente Volodymyr Zelenskiy durante encontro com autoridades dos EUA em Kiev - Foto: Reprodução / Wikipedia

A Ucrânia negou, nesta sexta-feira (21), ter aceitado os termos de um plano de paz apresentado pelos Estados Unidos e associado ao governo do ex-presidente Donald Trump. A informação foi contestada pelo secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional, Rustem Umerov, após autoridades norte-americanas afirmarem que ele havia concordado com a maior parte dos pontos.

Segundo autoridades dos EUA, o plano possui 28 propostas que atenderiam demandas defendidas pela Rússia, como a cessão de territórios, a limitação das Forças Armadas ucranianas e o abandono definitivo da entrada na Otan. Washington afirmou que a elaboração ocorreu após consultas com Umerov.

Dois dias após as declarações, Umerov negou ter discutido ou aprovado qualquer trecho do documento. Antes da sonora, o governo ucraniano já havia informado que recebeu o plano, mas não confirmou adesão a seus termos.

“Durante minha visita aos Estados Unidos, meu papel foi técnico — organizar reuniões e preparar o diálogo. Não fiz avaliações nem aprovações de pontos. Isso não está dentro de minha autoridade”, Umerov declarou.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy reconheceu que o governo recebeu a proposta norte-americana, mas não detalhou sua posição sobre o conteúdo. O chefe de Estado se reuniu com representantes militares dos EUA antes de comentar publicamente o tema.

“Nossas equipes, Ucrânia e EUA, trabalharão nos pontos do plano para encerrar a guerra. Estamos prontos para um trabalho construtivo e rápido”, afirmou Zelenskiy.

O Kremlin declarou que ainda não recebeu informações de que Kiev estaria disposta a negociar o plano, mantendo posição de cautela.

A cópia analisada por agências internacionais prevê que a Ucrânia deixe territórios que ainda controla no leste, enquanto a Rússia abriria mão de áreas menores já ocupadas em outras regiões. O documento impede a entrada ucraniana na Otan e estabelece limite de 600 mil militares no país. Também prevê suspensão gradual de sanções contra Moscou, retorno ao G8 e uso de ativos russos congelados em um fundo gerido pelos EUA.

Europa não participou da elaboração da proposta e deverá ser informada por delegações norte-americanas. Em Bruxelas, a chefe de política externa da União Europeia, Kaja Kallas, comentou o tema.

“Quanto ao plano que entendemos ter sido apresentado ao presidente Zelenskiy, sempre afirmamos que qualquer proposta precisa ter Ucrânia e europeus envolvidos”, concluiu.

Outra versão do plano, divulgada por veículos como Axios, Financial Times e Reuters, menciona redução pela metade do efetivo militar ucraniano, reconhecimento oficial do idioma russo e garantias de proteção à Igreja Ortodoxa Russa. Há também sugestão de que Kiev ceda o restante de Donbas em troca de garantias de segurança dos EUA e da Europa.

Segundo a AFP, o documento exigiria ainda reconhecimento da Crimeia e de outras regiões ocupadas pela Rússia. Moscou controla cerca de um quinto do território ucraniano e mantém operações ofensivas, além de ataques à infraestrutura energética.

Os detalhes finais do plano não são públicos, e ainda não há clareza sobre contrapartidas que a Rússia ofereceria. Kiev já afirmou que não aceitará exigências de Moscou para abandonar a Otan ou retirar tropas de regiões reivindicadas pela Rússia.

Especialistas avaliam que a proposta tem pouca diferença das condições já impostas anteriormente por Moscou. O analista Vitaliy Shevchenko afirma que o conteúdo se aproxima das demandas russas e poderia gerar questionamentos sobre o papel dos Estados Unidos como mediadores.

O correspondente da BBC em Washington, Tom Bateman, avalia que Kiev considera os pontos uma capitulação. Ele aponta que os EUA têm endurecido sua posição contra Moscou e podem pressionar por avanços diplomáticos.


Com informações da UOL*

Por Haliandro Furtado, da redação da Jovem Pan News Manaus