A gerente de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), Viviana Cláudia Almeida, participou do programa De Olho na Cidade, da Jovem Pan News Manaus, apresentado por Tatiana Sobreira e Jackson Nascimento, onde explicou o papel estratégico do novo Boletim Epidemiológico de Manaus e fez alertas sobre doenças de alta incidência e agravos sociais que preocupam a saúde pública da capital.
Durante a entrevista, Viviana Cláudia Almeida ressaltou que o Boletim Epidemiológico das doenças e agravos de notificação compulsória reúne uma série histórica dos últimos cinco anos, contemplando inicialmente 21 agravos de maior importância sanitária em Manaus. Segundo ela, a publicação passa a ser anual e tende a se tornar cada vez mais abrangente.
O material, lançado pela Prefeitura de Manaus no último dia 17 de dezembro, é resultado do trabalho da Vigilância Epidemiológica da Semsa e tem como objetivo apoiar tanto a gestão quanto os profissionais de saúde que atuam diretamente na notificação de casos.
“É um trabalho que acontece nos bastidores. A vigilância só funciona porque existe o profissional que suspeita, notifica e inicia esse processo”, explicou.
Viviana destacou que, a partir das notificações, é possível investigar casos, confirmar diagnósticos, mapear áreas mais afetadas, identificar perfis etários e orientar estratégias de prevenção e controle. Para ela, o boletim também representa uma devolutiva aos profissionais da rede de saúde, permitindo que eles visualizem os resultados do próprio trabalho e compreendam a realidade epidemiológica dos territórios onde atuam.
Um dos principais alertas feitos durante o programa foi em relação à malária, apontada como a doença de maior incidência em Manaus. Em 2025, o município já ultrapassou 7 mil casos notificados, superando os números do ano anterior. A gerente explicou que o crescimento está diretamente ligado ao avanço das ocupações irregulares em áreas próximas à floresta, onde o mosquito transmissor é endêmico.
“O mosquito só transmite a malária quando entra em contato com uma pessoa infectada. Quando não há diagnóstico e tratamento oportunos, o ciclo continua”, ressaltou.
Ela explicou ainda que a doença pode acometer a mesma pessoa várias vezes ao longo da vida, já que não gera imunidade, e pode evoluir para formas graves se não tratada corretamente.
Viviana também esclareceu as diferenças entre malária e dengue, reforçando que são doenças distintas, transmitidas por mosquitos diferentes. Enquanto a dengue é urbana e possui vacina, a malária não tem imunização e exige medidas de proteção individual, como o uso de repelentes, roupas adequadas e a realização de testes diante de qualquer quadro febril.
Além das doenças infecciosas, a gerente chamou atenção para o aumento das notificações de violência sexual e violência autoprovocada, especialmente envolvendo crianças e adolescentes. Somente neste ano, mais de 3.200 casos foram notificados em Manaus, número considerado alarmante. A informação foi repassada com exclusividade à Jovem Pan News Manaus, e os dados consolidados serão divulgados no próximo ano.
Segundo Viviana, o período de festas exige atenção redobrada das famílias.
“É fundamental que pais e responsáveis estejam atentos, presentes e abertos ao diálogo. Fim de ano também é tempo de cuidado e proteção”, alertou.
Por fim, ela reforçou que o Boletim Epidemiológico é uma ferramenta estratégica para orientar políticas públicas, ampliar o acesso à informação qualificada e fortalecer as ações de vigilância em saúde. A expectativa da Semsa é que, nas próximas edições, novos agravos sejam incorporados à publicação, ampliando ainda mais o monitoramento da situação de saúde da população de Manaus.
Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.






