Turquia sediará COP31, e Austrália ficará responsável por conduzir as negociações da cúpula climática da ONU

Acordo em discussão durante a COP30, em Belém, define sede da cúpula climática de 2025 e estabelece divisão de responsabilidades entre Turquia e Austrália
Antalya, na Turquia, será a sede da COP31; Austrália liderará as negociações internacionais - Foto: Freepik

A Turquia será a sede da COP31 em 2025, enquanto a Austrália assumirá a liderança das negociações do encontro. O arranjo foi anunciado nesta quinta-feira (20) pelo primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, durante conversas realizadas na COP30, em Belém do Pará.

A decisão encerra um impasse que se estendia desde 2022, quando Turquia e Austrália apresentaram candidaturas paralelas para sediar a conferência e não recuaram.

Pelo acordo, a Turquia receberá a cúpula como país anfitrião. A Austrália comandará as negociações e também participará de um evento pré-COP no Pacífico, região que apoiou sua candidatura.

Em entrevista à rádio Australian Broadcasting Corp., Albanese comentou o desfecho: “O que conseguimos é uma grande vitória tanto para a Austrália quanto para a Turquia”, disse.

Preparativos para a conferência

A COP31 exigirá meses de articulação diplomática e infraestrutura para receber dezenas de milhares de participantes. Segundo Albanese, os dois países terão um ano para concluir a organização.

Durante a COP30, o ministro das Mudanças Climáticas e Energia da Austrália, Chris Bowen, disse que as negociações sobre o acordo avançam: “Ainda há um longo caminho a percorrer nessas discussões”, afirmou.

Ele reforçou que o formato atende aos objetivos do país: “Seria ótimo se a Austrália pudesse ter tudo. Mas não podemos ter tudo. Era importante chegar a um acordo”, destacou.

Bowen explicou que assumirá a liderança das negociações da COP31. “Eu teria todos os poderes da presidência da COP para gerenciar e conduzir as negociações, nomear co-facilitadores, preparar o texto preliminar e emitir a decisão final”, concluiu.

O governo turco ainda não se manifestou oficialmente sobre o acordo.

Reação do Pacífico

A definição não agradou parte dos países do Pacífico, que defendiam que a região tivesse maior protagonismo. O ministro das Relações Exteriores da Papua-Nova Guiné, Justin Tkatchenko, criticou o resultado.

Em entrevista à Reuters, ele afirmou: “É muito importante que o Pacífico esteja totalmente envolvido nos eventos pré-COP, pois somos nós que mais sofremos com as mudanças climáticas e temos emissões zero”, disse.

Tkatchenko também comentou os impactos climáticos na região: “Nosso povo e nossos países estão sofrendo por causa da incapacidade de outros de fazerem as coisas acontecerem”, continuou.

Por outro lado, o tesoureiro australiano, Jim Chalmers, declarou à Sky News que o acordo mantém o Pacífico em evidência.
“Garantimos que o Pacífico esteja em destaque, o que é realmente um dos nossos objetivos mais importantes em tudo isso”, afirmou.

Contexto das candidaturas

A Austrália apresentou sua proposta como uma “COP do Pacífico”, com foco na vulnerabilidade das ilhas aos efeitos das mudanças climáticas. O país informou que investiu A$ 7 milhões (cerca de US$ 4,5 milhões) na preparação da candidatura.

A Turquia sediará a conferência na cidade de Antalya. O governo turco afirma que, como economia emergente, busca promover cooperação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Nesta semana, Albanese descartou a proposta de co-organização sugerida pela Turquia, citando regras da ONU. O governo turco afirmou que as discussões sobre modelos alternativos ocorreram em setembro.

O diretor de pesquisa do Instituto Lowy, David Dutton — que atuou até setembro como secretário-adjunto de diplomacia climática da Austrália — avaliou que o acordo atende aos interesses do país.
“É um bom resultado”, disse.

Ele afirmou que a divisão de responsabilidades pode beneficiar a Austrália e seus aliados regionais: “Isso alivia parte do custo e do ônus da organização da COP, ao mesmo tempo que cria oportunidades para a Austrália e o Pacífico aproveitarem o evento”, afirmou.

 

Com informações CNN

Por Haliandro Furtado, da redação da Jovem Pan News Manaus