Dia Nacional de Combate ao Câncer: especialista alerta para avanço da doença e atrasos no diagnóstico no Norte

O Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado em 27 de novembro, reforça a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do acesso eficiente ao tratamento.

Neste contexto, o oncologista Dr. Peter Silva, da Oncológica do Brasil, chama atenção para um cenário preocupante: embora o país registre avanços importantes na área oncológica, o número de casos continua crescendo especialmente no Norte, onde obstáculos estruturais dificultam o rastreamento e atrasam a identificação da doença.

Segundo o especialista, o principal desafio não é apenas o aumento da incidência, mas o fato de que muitos pacientes chegam ao consultório com tumores já avançados.

“No Norte, isso é ainda mais evidente pela dificuldade de chegar aos serviços especializados e pela baixa adesão aos exames preventivos”, explica.

Brasil ultrapassa 704 mil novos casos anuais

Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostram que o país registra cerca de 704 mil novos casos de câncer por ano no triênio 2023–2025. Os tipos mais frequentes incluem câncer de mama, próstata, pulmão, cólon e reto, além do câncer do colo do útero, que permanece entre os de maior incidência nas regiões Norte e Nordeste.

O crescimento dos casos está relacionado ao envelhecimento populacional, à exposição a fatores de risco e à baixa cobertura de rastreamento em alguns estados.

Norte tem um dos cenários mais críticos do país

Ainda conforme o INCA, a Região Norte contabiliza 44 mil novos casos anuais, com destaque para o câncer do colo do útero  altamente prevenível  que segue entre os mais incidentes devido à baixa vacinação contra HPV e às falhas no acesso ao exame preventivo (Papanicolau).

Distribuição aproximada por estado:

  • Amazonas: 8,7 mil novos casos/ano

  • Pará: 21 mil casos/ano

  • Roraima, Acre, Rondônia, Amapá e Tocantins: mais de 14 mil casos somados

Dr. Peter enfatiza que o cenário reflete desigualdade no acesso à saúde.

“Enquanto outras regiões reduziram drasticamente a incidência do câncer do colo do útero por meio do rastreamento, o Norte ainda convive com números muito altos. Isso mostra que prevenção e acesso continuam sendo os maiores desafios”, afirma.

Diagnóstico precoce ainda é o maior gargalo

Estima-se que mais de 60% dos casos na Região Norte sejam diagnosticados tardiamente, diminuindo significativamente as chances de cura.

“Quando o câncer é detectado no início, as chances de cura ultrapassam 90% em muitos tumores. Quando chega tarde, o tratamento se torna mais caro, mais longo e menos eficaz”, explica o oncologista.

Entre os tipos mais comuns na região estão câncer do colo do útero, mama, próstata, pele não melanoma e cólon e reto.

Prevenção: medidas que realmente reduzem o risco

Dr. Peter reforça práticas que podem proteger a população e evitar milhares de casos:

  • vacinação contra HPV

  • consultas anuais com especialistas

  • Papanicolau para mulheres entre 25 e 64 anos

  • mamografia a partir dos 40 anos

  • exames de próstata a partir dos 50 anos (ou antes, para grupos de risco)

  • hábitos saudáveis, como redução de álcool, tabagismo e sedentarismo

“A luta contra o câncer é diária. A data de 27 de novembro existe para lembrar que prevenção não pode ser adiada. No Norte, prevenir significa vencer distâncias e barreiras sociais”, completa.

Apoio ao paciente: tempo é decisivo

O especialista reforça a importância de um atendimento integrado, com acesso rápido a exames, biópsias e início do tratamento. A agilidade nos primeiros 60 dias após o diagnóstico é determinante para melhores resultados terapêuticos, reduzindo complicações e aumentando as chances de sobrevida.

Com informações da Assessoria.

Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.