Neste contexto, o oncologista Dr. Peter Silva, da Oncológica do Brasil, chama atenção para um cenário preocupante: embora o país registre avanços importantes na área oncológica, o número de casos continua crescendo especialmente no Norte, onde obstáculos estruturais dificultam o rastreamento e atrasam a identificação da doença.
Segundo o especialista, o principal desafio não é apenas o aumento da incidência, mas o fato de que muitos pacientes chegam ao consultório com tumores já avançados.
“No Norte, isso é ainda mais evidente pela dificuldade de chegar aos serviços especializados e pela baixa adesão aos exames preventivos”, explica.
Brasil ultrapassa 704 mil novos casos anuais
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostram que o país registra cerca de 704 mil novos casos de câncer por ano no triênio 2023–2025. Os tipos mais frequentes incluem câncer de mama, próstata, pulmão, cólon e reto, além do câncer do colo do útero, que permanece entre os de maior incidência nas regiões Norte e Nordeste.
O crescimento dos casos está relacionado ao envelhecimento populacional, à exposição a fatores de risco e à baixa cobertura de rastreamento em alguns estados.
Norte tem um dos cenários mais críticos do país
Ainda conforme o INCA, a Região Norte contabiliza 44 mil novos casos anuais, com destaque para o câncer do colo do útero altamente prevenível que segue entre os mais incidentes devido à baixa vacinação contra HPV e às falhas no acesso ao exame preventivo (Papanicolau).
Distribuição aproximada por estado:
-
Amazonas: 8,7 mil novos casos/ano
-
Pará: 21 mil casos/ano
-
Roraima, Acre, Rondônia, Amapá e Tocantins: mais de 14 mil casos somados
Dr. Peter enfatiza que o cenário reflete desigualdade no acesso à saúde.
“Enquanto outras regiões reduziram drasticamente a incidência do câncer do colo do útero por meio do rastreamento, o Norte ainda convive com números muito altos. Isso mostra que prevenção e acesso continuam sendo os maiores desafios”, afirma.
Diagnóstico precoce ainda é o maior gargalo
Estima-se que mais de 60% dos casos na Região Norte sejam diagnosticados tardiamente, diminuindo significativamente as chances de cura.
“Quando o câncer é detectado no início, as chances de cura ultrapassam 90% em muitos tumores. Quando chega tarde, o tratamento se torna mais caro, mais longo e menos eficaz”, explica o oncologista.
Entre os tipos mais comuns na região estão câncer do colo do útero, mama, próstata, pele não melanoma e cólon e reto.
Prevenção: medidas que realmente reduzem o risco
Dr. Peter reforça práticas que podem proteger a população e evitar milhares de casos:
-
vacinação contra HPV
-
consultas anuais com especialistas
-
Papanicolau para mulheres entre 25 e 64 anos
-
mamografia a partir dos 40 anos
-
exames de próstata a partir dos 50 anos (ou antes, para grupos de risco)
-
hábitos saudáveis, como redução de álcool, tabagismo e sedentarismo
“A luta contra o câncer é diária. A data de 27 de novembro existe para lembrar que prevenção não pode ser adiada. No Norte, prevenir significa vencer distâncias e barreiras sociais”, completa.
Apoio ao paciente: tempo é decisivo
O especialista reforça a importância de um atendimento integrado, com acesso rápido a exames, biópsias e início do tratamento. A agilidade nos primeiros 60 dias após o diagnóstico é determinante para melhores resultados terapêuticos, reduzindo complicações e aumentando as chances de sobrevida.
Com informações da Assessoria.
Por Erike Ortteip, da redação da Jovem Pan News Manaus.






