A Justiça Federal em Tabatinga iniciou, nesta quinta-feira (16), as audiências de interrogatório de Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como “Colômbia”, Amarildo da Costa de Oliveira, o “Pelado”, e outros oito réus investigados por organização criminosa. As oitivas seguem até sexta-feira (17) e fazem parte do processo que apura o envolvimento do grupo nas mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, ocorridas em junho de 2022.
De acordo com a Polícia Federal, Colômbia é apontado como líder de uma quadrilha que atuava com pesca ilegal e tráfico de munição na Terra Indígena Vale do Javari, no interior do Amazonas. Amarildo da Costa de Oliveira é acusado de ser o autor dos disparos que mataram as vítimas. Ambos participam das audiências por videoconferência, a partir de presídios federais.
Organização criminosa e motivação
Segundo a acusação do Ministério Público Federal, os assassinatos foram motivados pelas ações de fiscalização conduzidas por Bruno Pereira, que prejudicavam as atividades ilegais do grupo. O inquérito sobre o crime de organização criminosa é distinto do processo que apura os homicídios, mas envolve os mesmos principais acusados.
As investigações apontam que Colômbia financiava pescadores que atuavam ilegalmente em áreas protegidas e escondia drogas em carregamentos de pescado. Ele também é acusado de ter fornecido munição e participado da coordenação da ocultação dos corpos de Bruno e Dom.
Histórico das prisões e indiciamentos
Colômbia, de nacionalidade peruana, foi preso em 8 de junho de 2022 por uso de documento falso, quando compareceu à sede da Polícia Federal em Tabatinga. Apesar do apelido, ele não é colombiano. Foi indiciado em novembro de 2024 como mandante dos assassinatos.
Após a primeira prisão, ficou detido por quatro meses e foi liberado pela Justiça Federal do Amazonas em outubro de 2022, mediante fiança e uso de tornozeleira eletrônica. Dois meses depois, foi novamente preso por descumprir medidas cautelares.
Relembre o caso
Bruno Pereira e Dom Phillips desapareceram em 5 de junho de 2022, durante uma viagem de campo pela região do Vale do Javari. O trajeto entre as comunidades de São Rafael e Atalaia do Norte, que deveria durar cerca de duas horas, terminou em tragédia.
Dez dias depois, em 15 de junho, a Polícia Federal encontrou os restos mortais das vítimas. As investigações concluíram que Bruno e Dom foram mortos a tiros, esquartejados, queimados e enterrados.
Demais réus e acusações
Além de Colômbia e Amarildo, também respondem ao processo Oseney da Costa de Oliveira (“Dos Santos”), Jefferson da Silva Lima (“Pelado da Dinha”), Eliclei Costa de Oliveira, Amarílio de Freitas Oliveira, Otávio da Costa de Oliveira e Edivaldo da Costa Oliveira.
Os quatro últimos foram denunciados por usar um adolescente para ajudar na ocultação dos corpos. Amarildo e Jefferson permanecem presos e serão julgados por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Oseney cumpre prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica.
Com informações G1.
Por Haliandro Furtado, da redação da Jovem Pan News Manaus