Mobilização pede permanência de projeto agroecológico na Zona Leste de Manaus

Ato reuniu professores, estudantes e representantes de movimentos sociais em defesa do projeto Arte & Escola na Floresta, desenvolvido no Centro de Treinamento Agroflorestal

Professores, estudantes e representantes de movimentos sociais realizaram, na tarde de terça-feira (14/10), uma mobilização na Escola Normal Superior (ENS) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) em defesa do Projeto Arte & Escola na Floresta. A ação buscou garantir a continuidade das atividades agroecológicasdesenvolvidas no Centro de Treinamento Agroflorestal (CTA), localizado no Assentamento Água Branca, dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Adolpho Ducke.

O espaço, que há cinco anos é gerido pelo Instituto Tera Kuno, enfrenta uma disputa pela gestão após o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) nomear a Associação de Moradores local como administradora temporária. A decisão gerou preocupação entre os integrantes do projeto e da comunidade acadêmica, que temem a interrupção das ações educativas e ambientais.

Educação, agroecologia e arte

Durante o ato, docentes e estudantes defenderam o caráter público e formativo do centro, que funciona como laboratório de pesquisa, extensão e práticas agroecológicas em parceria com diversas instituições.

A professora Ceane Simões, do curso de Pedagogia da UEA, ressaltou a relevância do projeto para o aprendizado dos estudantes.

Nossa parceria com o projeto possibilita aos alunos uma ampliação do repertório vivencial e estético sobre saberes comunitários. São experiências que aprofundam a pesquisa e valorizam novas concepções educativas. Seu caráter público e social é comprovado pelos trabalhos realizados nos últimos anos”, afirmou.

O Instituto Tera Kuno desenvolve atividades no CTA desde 2019 e, segundo seus coordenadores, já impactou mais de 3 mil pessoas por meio de 220 cursos e oficinas. As ações têm parceria com o Instituto Federal do Amazonas (IFAM), o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a própria UEA.


Ameaça à continuidade

A estudante de Pedagogia Chantall de Castro, uma das organizadoras da mobilização, afirmou que o evento teve o objetivo de ampliar o debate sobre o futuro da área.

Acreditamos se tratar de um espaço educativo e social essencial para a comunidade local. Queremos sensibilizar a sociedade e buscar uma solução técnica e justa para a permanência do projeto”, disse.

Para os participantes, a chegada de uma terceira entidade, sem atuação conhecida no território, aumentou a insegurança sobre a manutenção das atividades. Eles pedem que o Incra reavalie a decisão e adote critérios técnicos, sociais e ambientais para garantir a continuidade do trabalho.


Histórias e reconhecimento

O contador e tesoureiro do projeto, Gildeone Memoria, relatou a transformação pessoal que viveu ao participar das atividades.

Durante esse último ano, eu me desenvolvi bastante, não só como empreendedor, mas como ser humano também. Estou indo para a COP 30 representar o Amazonas como liderança na agricultura familiar e na segurança alimentar”, contou.

A experiência também recebeu reconhecimento fora do estado. A professora Daniela Franco, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), destacou a relevância do projeto.

Fiquei impressionada com a qualidade do trabalho. É o que chamamos de ‘currículo vivo’, uma educação construída a partir da vivência com a floresta e a agricultura orgânica, fundamentais para enfrentar as mudanças climáticas”, avaliou.


Próximos passos

O projeto prepara a última oficina de um ciclo de cinco encontros, marcada para o dia 18 de outubro, no Centro de Treinamento Agroflorestal. A atividade encerra uma etapa de formação de agricultoras contemplada pelo Edital Floresta em Pé 2024, da Rede Transformar, que capacitou mulheres em agricultura regenerativa. O evento também marcará o lançamento da Cesta Ajuri, iniciativa voltada à comercialização de alimentos agroecológicos produzidos na região.


Sobre o CTA

Criado em 2009 com recursos do Fundo Amazônia, o Centro de Treinamento Agroflorestal (CTA) é um espaço dedicado à formação e pesquisa em agroecologia, localizado na APA Adolpho Ducke, a cerca de 20 km de Manaus. O centro contribui para a preservação da floresta e das nascentes que abastecem a capital, além de promover ações de educação ambiental e sustentabilidade.

Mais informações:
📱 @arteescolanafloresta
🌐 www.terakuno.org

Com informações Assessorias de Comunicação

Por Karoline Marques, da redação da Jovem Pan News Manaus

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