A onça-pintada resgatada no meio do Rio Negro em outubro foi devolvida à natureza após uma operação coordenada pela Secretaria de Estado de Proteção Animal (Sepet-AM). A ação começou às 6h do dia 9 de novembro e terminou no dia 10, totalizando 24 horas de trabalho. O caso é o primeiro registro de resgate, tratamento e reintrodução de um exemplar da espécie Panthera onca na Amazônia.
A secretária da Sepet-AM, Joana Darc, afirmou que o processo foi conduzido como parte das ações do governo para a proteção da fauna silvestre. Ela relembrou que a operação seguiu orientação técnica e envolveu diferentes instituições.
“A soltura é uma determinação do governador Wilson Lima, para que usássemos todas as forças do governo e dos parceiros até chegarmos a esse momento. Animal silvestre tem que estar na natureza. Somos nós, enquanto sociedade, que ocupamos esses espaços e afugentamos os animais do seu próprio habitat. Agora estamos cumprindo com o nosso dever legal, responsabilidade do Estado, de devolver esse animal à natureza com integridade e saúde”, afirmou Joana Darc.
A ação envolveu médicos-veterinários, biólogos, pesquisadores e técnicos de imagem, que permaneceram na área de soltura das 13h de domingo até 6h40 de segunda-feira. A equipe acampou na mata para acompanhar o processo e garantir segurança conforme as orientações técnicas.
O retorno do animal ao habitat natural ocorreu após 40 dias de reabilitação, período definido pelo responsável técnico, o biólogo Nonato Amaral.
Cooperação entre instituições
A operação também contou com apoio do Departamento Integrado de Operações Aéreas (Dioa) da Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM), responsável pelo transporte aéreo, e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), que disponibilizou embarcações para conduzir equipe e animal até a área de soltura.
Joana Darc contextualizou o deslocamento do felino até o local escolhido pelos técnicos.
“A onça veio de helicóptero até uma comunidade em Novo Airão e, de lá, foi transportada de barco até o local de soltura, escolhido de forma técnica para que o animal pudesse viver em segurança, distante da população. Esse é o primeiro caso de resgate, reabilitação e devolução da espécie à natureza na Amazônia”, explicou.
A operação contou ainda com participação de pesquisadores do Laboratório de Internações de Fauna e Floresta (Laiff), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), coordenados pelo professor Rogério Fonseca. O médico-veterinário Aldenor Lima também acompanhou a ação. A onça foi sedada por especialistas e transportada em caixa apropriada, retornando ao ambiente natural, onde continuará sob monitoramento.
Monitoramento do animal
Antes da soltura, o animal recebeu uma coleira de radiomonitoramento em 4 de novembro, após exames que confirmaram sua condição de saúde. O equipamento foi cedido pelo Instituto Onça-Pintada (IOP), de Goiás, por meio do biólogo Leandro Silveira. Joana Darc destacou a importância do monitoramento científico.
“Colocamos a coleira de monitoramento com GPS, que vai permitir acompanhar, por dois a três anos, os deslocamentos da onça e o território em que ela vai se estabelecer. Isso é muito importante, pois esses dados servirão para a comunidade científica do Amazonas”, destacou.
A reintrodução marca uma etapa inédita na conservação da espécie na região e reforça a política estadual voltada à proteção da fauna silvestre.
Relembre o caso
A onça foi encontrada no Rio Negro enquanto tentava se deslocar de Iranduba para Manaus após ser atingida por disparos de chumbinho. O resgate foi realizado com apoio da Companhia Ambiental Fluvial do Batalhão de Policiamento Ambiental (BPAmb) da Polícia Militar.
Segundo Joana Darc, o animal apresentava 36 estilhaços no rosto e precisou de atendimento veterinário de urgência. Após os primeiros cuidados, a onça foi encaminhada — com autorização do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) — ao antigo zoológico do Tropical Hotel, onde ficou sob acompanhamento do biólogo Nonato Amaral até reunir condições para o retorno ao habitat natural.
Com informações da Assessoria Comunicação*
Por Haliandro Furtado, da redação da Jovem Pan News Manaus






