O professor e especialista em mobilidade urbana Mário Ricardo Carvalho, autor da palestra O Preço da Imprudência e docente da Escola Pública de Trânsito do Detran-AM, alertou que a imprudência e o despreparo dos motoristas continuam sendo as principais causas de acidentes no país. Segundo ele, cerca de 90% das ocorrências no trânsito são resultado de falha humana, o que exige mais educação e menos descuido ao volante.
O preço da imprudência é o próprio condutor. Cerca de 90% dos acidentes que acontecem hoje são provocados por falha humana — excesso de velocidade, uso do celular ao volante, falta de capacete e outras atitudes imprudentes. O trânsito exige comportamento, não apenas regras”, destacou o especialista.
Durante entrevista ao programa Minuto a Minuto, da Jovem Pan News Manaus (98.7 FM), Mário Ricardo comentou as mudanças em estudo pelo governo federal para alterar o processo de formação de condutores. Uma das propostas prevê a possibilidade de realizar o curso teórico de legislação de trânsito na modalidade de ensino a distância (EAD).
O governo federal quer permitir que as aulas teóricas para a primeira habilitação sejam feitas a distância. Eu sou professor há 25 anos e posso afirmar: o contato em sala de aula é essencial. Muitos candidatos não têm nem o ensino fundamental completo, e isso dificulta o aprendizado. Fazer tudo online, sem interação, pode comprometer a formação e aumentar os acidentes”, alertou.
Além da proposta de ensino remoto, o especialista também criticou a possibilidade de reduzir de 20 para 4 horas as aulas práticas exigidas para a primeira habilitação. Para ele, a mudança seria um retrocesso em um país que ainda registra altos índices de mortes no trânsito.
O Código de Trânsito exige hoje 20 horas de aulas práticas, e há uma proposta de reduzir para 4. Isso é um grande risco. A gente luta há anos para diminuir o número de acidentes, e não dá pra pensar em tirar da prática justamente o que ensina o condutor a dirigir com segurança”, reforçou.
De acordo com dados citados pelo professor, somente em Manaus foram registradas 304 mortes no trânsito em 2024 e 180 neste ano, números que, segundo ele, “não podem ser tratados apenas como estatística, mas como histórias interrompidas pela imprudência”.
Quando se fala em 180 mortes, não são apenas números. São 180 famílias que perderam pais, filhos, provedores. O trânsito precisa ser encarado com seriedade e responsabilidade”, completou o especialista.
Mário Ricardo destacou a importância de inserir a educação para o trânsito desde o ambiente escolar, como forma de formar cidadãos mais conscientes.
A mudança precisa começar cedo. A educação para o trânsito deve estar dentro das escolas, desde as primeiras séries. Quando a criança entende desde cedo o valor da vida e do respeito às regras, cresce com uma mentalidade cidadã e responsável”, defendeu.
O especialista também reforçou que o papel da família é essencial na construção dessa consciência coletiva.
A educação para o trânsito começa em casa. Quando pais e responsáveis dão exemplo, respeitam regras e valorizam a vida, formam filhos mais responsáveis e cidadãos melhores. A família é a base de tudo”, concluiu.
Por Karoline Marques, da redação da Jovem Pan News Manaus